- Cortem-lhe a
cabeça! Cortem-lhe a cabeça!
Nem mesmo o autor de Alice no País das Maravilhas poderia imaginar que
a sua personagem, a Rainha de Copas, havia pulado fora da História, ou melhor
havia entrado para a História.
Depois de servir como atendente direta
de Mussolini fabricando-lhe pizzas de fina massa trabalhadora, rapidamente
ascendeu na maldade e foi ser assessora de Hitler, e grande incentivadora da
solução final.
Com o fim do nazismo fugiu de jangada
para a Argentina onde esteve a serviço dos generais até naufragar com um destroier
nas costas das Malvinas. A coisa ruim veio a nado e veio dar com os costados na
Uberlíndia.
Ali fixou-se como emigrante ilegal,
até que vendendo um dos anéis de ouro que possuía conseguiu um visto de
trabalho. Trabalhou muitos anos como aparadora de restos nos centros de tortura
da Uberlíndia. Tendo até recebido a medalha de mérito por relevantes serviços prestados
à humanidade, se é que se podia chamar de humanos aquele amontoado de gente da Uberlindia
que quando não estavam atirando e matando-se uns aos outros estavam
completamente anestesiados andando pelas ruas como zumbis com a cara mergulhada
em smartphones.
Por uns breves anos na Uberlíndia teve
que retornar à condição semiclandestina, quando passou a trabalhar como
piniqueira – lavadora de pinicos – no Motel Bahamas.
Mas a sorte lhe sorriu a passou a ser
ama seca, muito seca, do seco rebento do vampirão seco que imperava na Uberlíndia
e que por ser muito velho deixava a Imperatriz na maior secura.
Dali para ser ela mesma a Rainha de
Copas de sempre, foi um passo, melhor ou pior ainda: agora não era apenas A
Rainha De Copas havia se transformada numa hidra de sete cabeças, por isso era
difícil identificar seu nome, ora era um nome, ora outro. Como uma besta
apocalíptica gritava após ter conseguido mandar prender um sujeitinho arrogante
que ousara ser maior que ela, logo ela de origem autoritária, elitista e aristocrática:
- Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe a
Cabeça!
- Mas Majestade, atreveu-se a lhe orientar
um puxa saco que havia sido ministro da Cultura. Assim como a Bolívia não tem
mar, mas tem Ministro Marinha, assim a Uberlindia tem Ministro para isso e para
os vexames de sempre.
- Majestade já está um pé no saco este
tal de cortem-lhe a cabeça. Muito monótono, e depois cabeça cortada é maldade
pouca, acaba o sofrimento logo.
- Tem razão, rosnou a Rainha.
Prendam-no.
Mas é pouco. Predam-no num espaço
pequeno. Mas ainda é pouco.
Prendam-no isolado de todos.
É pouco...hummm proíbam as visitas...
nem o rei de Roma, nem o rato que roeu as roupas da rainha de Roma podem
visita-lo ah e não toquem mais no nome dele, em nenhum jornal, rádio ou
televisão. E quem o fizer será preso e processado.
Deixem-no preso por algumas décadas.
Mas se isso não quebrantar-lhe o ânimo então não tem outro jeito a não ser
seguir o conto da Alice, Cortem-lhe a cabeça!
Afinal a Uberlíndia não é também
chamada de o País das Maravilhas?
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