30 abril 2015

Betty Faria Retrata "A Atriz" em Declínio



Em meu primeiro trabalho na teledramaturgia tive a oportunidade de contracenar com ela. Foi em “Tieta” a novela que me apresentou fazendo o “Bafo de Bode” sucesso antológico da  minha carreira.
Depois disto creio que nunca mais nos vimos ou nos falamos sequer, e agora, 26 anos após tenho o prazer de estar em cena com esta diva das artes cênicas do Brasil; este ícone da nossa dramaturgia que aceitou o desafio de estar no palco e abrir o pano na data de hoje, dia 30, com apenas 15 dias de ensaios, ocupando lugar vago e confirmando  o dito popular de que “quem vai ao vento perde o assento”.
A vitalidade , a criatividade, a solidariedade de Betty durante no trabalho é impressionante. A peça que hoje abre a cortina do Teatro Leblon – na Sala Marília Pera , é uma alta comédia que retrata o momento de declínio de uma grande atriz que prefere retirar-se da cena antes da decadência total. Abandona o amor da sua vida pelo conforto   e segurança financeira de um banqueiro suíço.
A foto acima (oficial da produção da peça) retrata o vigor, a beleza e a personalidade desta mais que provada profissional de teatro, cinema e tv.

29 abril 2015

Terremoto de Janete Clair Salvou Novela "Anastácia"

                                    Leila Diniz e Marieta Severo, em 1967 na noivela "Anastácia".

A novela “Anastácia, a Mulher Sem Destino” produzida pela Rede Globo em 1967, protagonizada por Leila Diniz, era uma superprodução. Muita grana investida. Escrita por Emiliano Queiroz, Dirigida pelo Henrique Martins e produto do núcleo de Glória Magadan. Elenco gigantesco, grandes nomes... etc. etc. . Mas tornou-se um fracasso retumbante. Arrastava-se para o fundo como um navio naufragado.
Até que contrataram uma autora de radio novelas então neófita para a teledramaturgia: Janete Clair. A primeira coisa que ela fez foi um terremoto na cidade onde se passava a novela.  Matou a maioria das personagens. Uma tragédia televisionada. Poucos sobreviventes. Aí recomeçou a novela, do zero. Uma nova novela e foi sucesso.
Será que apenas as mudanças de cena e de personalidades das personagens são suficientes para salvar a “... Babilônia que caiu”? Ou seria necessário um terremoto à moda antiga?
Quem sobreviver verá.

28 abril 2015

Por Quê Artistas Usam Óculos Escuros em Velórios e Enterros?


                      Falabella e Gimenez no enterro do jovem Raphael Mascarenhas

Como ator faz parte da minha profissão e processo criativo ser observador. É da observação do mundo e do próximo que vamos enchendo nossa canastra de referências para compor personagens.
Uma destas observações é que boa parte dos artistas, sobretudo as mulheres usam óculos escuros quando vão ao velório ou enterro de alguém.
Procuro entender o porquê desta prática.  Esconder olhos inchados pelo tamanho pranto derramado? Não creio alguns deles parte  eram íntimos dos falecidos.
Nos últimos dias os céus chamaram muitos de nós, e lá estavam os indefectíveis óculos escuros.
Seu uso será apenas por elegância? Também não posso crer.
Merchandising de óticas? Não creio que cheguemos a tanto.
Perguntei a uma colega porque os óculos escuros no velório de um outro e ela me disse que na verdade os óculos escuros nada tinham a ver com a luminosidade ou com lágrimas. Ela os usava como forma de intimidação: seu uso servia para inibir a aproximação de jornalistas e curiosos, uma espécie de “I Want to be alone”. É como se ela estivesse dizendo: “Respeitem-me, quero recolher-me dentro de mim mesmo neste momento”. Ao mesmo tempo em que passava uma imagem intimidatória. Como nossos carros, blindados e com os vidros escuros, como nossas casas com grades, muros altos e eletrificados, como nossos condomínios com seguranças, alarmes e circuitos de TV.
Ela não deixa de ter razão, artistas e celebridades  são muito assediados, sobretudo em ocasiões como essas.  E é fato: eu mesmo, durante o velório de meu pai, no auge do sucesso do "Bafo de bode"  vinham pessoas de outras salas para pedir autógrafos, mesmo estando eu aos prantos. Eu explicava que estava prantendo meu pai e elas diziam: "Mas é só um autógrafo, rapidinho." Hoje pediriam  selfies.
Talvez os óculos escuros os intimidassem e me permitissem prantear em paz.

26 abril 2015

Giuseppe Oristâno Substitui Gracindo Jr. "Sempre o Teatro"


                                Giuseppe como Paser em "os Dez Mandamentos"

A peça “A Atriz” que abre o pano dia 30 próximo ( Teatro Leblon, Rio) em ensaios abertos, produção da Montenegro Raman,  passou por profundas renovações de seu elenco. Entre elas este ator que vos escreve.
Giuseppe Oristânio substitui agora  Mestre Gracindo Junior no papel de Paul, a paixão de Lydia Martin (Betty Faria). E não adianta os fofoqueiros d e plantão especularem sobre a saída de Gracindo. Foi uma decisão pessoal e muito particular que ele tomou. Nenhuma crise com elenco ou produção,  posso assegurar.
Mas o foco é o Giuseppe neste momento.  Representando o sacerdote Paser no sucesso tele dramatúrgico “Os Dez mandamentos”,  Giu foi chamado ás pressas para esta substituição e a resposta imediata dele sobre se aceitava fazer a peça foi “Sempre o teatro”. Isso porque gravar uma novela e ainda arranjar tempo para estar no palco de um teatro à noite é trabalho hercúleo.
A Record, ao contrário da práxis da platinada liberou Giu para fazer a peça. Não é a primeira vez. A paixão de Giuseppe pelo teatro é tamanha que muitas vezes ele saía de Guaratiba, em garupa de motoboy, na chuva, à noite para chegar a tempo no teatro, em apresentações. E o melhor: Giu faz tudo isso sem perda da qualidade de seus personagens, quer na tv quer no teatro.
Para os jovens atores que agora começam na profissão: esta postura de Giusepe chama-se VOCAÇÃO, sem ela por mais bonitinhos que sejam os jovens atores, não irão longe, nem pegando carona com motoboy.

25 abril 2015

Jô Soares em Cadeira de Rodas



Vejo a foto de Jô Soares sendo levado de cadeira de rodas para embarcar num voo comercial, porque a dor ciática o impediu de caminhar por si só.
Sandra Pera, a colega e atriz, uma vez me disse: “Depois dos 50 Anos o dia em que você acordar sem dor é porque está morto”.
E é fato verdade verdadeiro. Olho em torno os colegas de mais de sessenta, como eu, e todos, todos sem exceção cultivam com carinho uma doença crônica. NO meu caso, o diabetes.
Há um axioma budista que é a mais pura lógica e sabedoria: “São quatro sofrimentos nesta vida: nascimento, velhice, doença e morte. Deles ninguém escapa”. A menos que não se ganhe a bênção de vida longa.
E não adianta nada essa papagaiada de sem glúten, com glúten; sem açúcar, com mascavo; sem sódio, com potássio; óleo de salmão ou vitamina batida de couve com casa de maracujá. A encarnação – somos de carne, mortais e vulneráveis – leva inevitavelmente aos quatro sofrimentos citados. Por mais que você se esfole numa academia ou que se entupa de complementos e filosofias da moda.
Sabedoria é passar por eles com humildade, submissão e bom humor.