Abro os
jornais e leio que um grupo de machos da Uberlíndia dedicou-se a espancar
mulheres em praça pública. Foi então que lembrei-me de uma lenda que me foi
contada por um amigo.
Facundo Gaudêncio
neto mais uma vez olhou aquele orifício
logo abaixo de seu cóccix. Porque aquilo? Desde menino, desde que seu avô o velho coronel Facundo também cismado com
aquele buraco morreu depois que tentou fecha-lo com cimento e piche. O velho
ainda sobreviveu por um mês antes de morrer enfezado olhando os pampas e
lamuriando: foi por causa do carreteiro.
A principio
pensou-se que se tratava do tradicional arroz de carreteiro, mas depois descobriu-se
que o carreteiro em questão era um pernambucano motorista de carretas que
passara havia tempos pelo rancho e com ele Facundão, o macho coronel centenário
tivera uma noite de prazer que abalara seu trato com aquele orifício.
Daquele dia
em diante o velho não se conformava com a tal abertura posterior e este trauma
passara a seu neto, o Facundinho, que agora geria o agronegócio da família.
Facundinho
passava horas à frente de um espelho mirando em todas a posições aquele buraco
estranho fruto da morte e desgraça, vergonha e chacota de sua família há duas gerações.
Menos na dele. Ele não admitia, era um autentico Facundo e seria macho até
morrer.
Respeitava a
ordem e a família e dizia a todos em alto e bom som: mulher de amigo meu para
mim é homem. O que deixava uma mensagem ambígua sobre o que realmente ele
queria dizer.
Para
resgatar a honra da família que escoara pelo velho ralo do velho Facundão,
Facundinho criou o hábito de bater em mulheres. Égua fêmea tem que ser no rebenque. No pau na porrada.
Seu grande trauma viera de sua avó Facunda que flagrou o velho Facundão dando o
rabicó ao carreteiro e não se fez de rogada: gritava pelas coxilhas: o Facundão
está dando o chicote.
Chicote! A
imagem ficara no pequeno cérebro de Facundinho e era com chicote que ele
afirmava sua misoginia e machidão. Mulher com ele era na chicotada. Reprimido
para usar seu fiofó, seu cachimbo, seu
furico, seu orifício excretor,o seu chicote, usava o outro chicote com prazer espancando mulheres. Em
cada uma que ele socava, espancava, pelas ruas, praças e campos de seu habitat
ele se vingava de Dona Facunda.
Foi além do imaginável,
Correpondia-se com grupos nazistas da Uberlindia, e chegava ao cúmulo de só
permitir em suas terras o crescimento de mamão macho. Ele amava os machos.
E não o
fazia sozinho, chamava para bater nas mulheres seus primos, amigos e
coleguinhas de cavalhada, os mesmos com quem se deliciava de beijos e carícias
nas noites de lua cheia, chamando aquela orgia gay de camaradagem de machos. E todos tinham em
comum dar porrada em mulheres. Sonhavam com separar-se da Uberlíndia e criar
sua própria nação, só de machos: com
capital em Machupaca um acudade no fundo da Uberlíndia!
As mulheres
eram o pesadelo na vida de Facundinho.
Não se casara. Tinha medo de virar corno, ou de que a companheirada
soubesse que seu pênis era menor que um pepino orgânico.
Ha só uma
certeza: Facundinho passará a vida preocupado com aquele furo inferior, batendo
em mulheres, e sentindo-se o rei do gado – ou seja dos chifrudos que pastam.
Quem sabe até o dia em que um carreteiro pernambucano pare nos seus pampas com
sua fálica e reluzente carreta, e aí Gaudêncio Facundo Neto largaria de vez seu
chicote à sorte de um nordestino enquanto cantaria : fiz a cama na varanda e
mordi o cobertor
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