A o fundo o sr. Karsteberg entre amigos, quando jovens.
O senhor
Karstenberg era o que se podia considerar um homem honestíssimo.
E suas
amizades sempre pautaram também pela suprema honestidade. Não entendia agora,
já ancião, a prisão de seus mais íntimos amigos por corrupção nem a ameaça de
abertura de seu sigilo bancário e de sua prisão pessoal.
Só podia ser
uma infundada perseguição, dado o seu valor intelectual e o riquíssimo legado
que deixaria para a Uberlíndia, outrora uma Nação e agora por culpa de outros
apenas um pedaço de terra com gente dentro.
Perseguição,
claro.
As acusações
eram as mais infundadas. Desde uma que mencionava o roubo de uma sonda urinária de um paciente
ao lado seu leito na UTI até uma visita noturna ao banco de sangue do hospital
para apropriar-se de sangue fresco destinado a pacientes graves.
Acusavam-no
de ter fechado os portos às nações amigas, e aberto os portos às ações dos
amigos.
Sua saúde
estava debilitada com as acusações; o sr
Karstenberg já não saia de casa, já não aparecia em público acometido do que o
seu médico particular Dr Abdelmassinha diagnosticara como o Mal de HansTemer,
uma doença rara, que acometia sobretudo vice reis, vice governadores, e vices
de merda, que se manifestava com os sintomas em que o doente se sentia um rato
e não saía à ruas com medo de ser devorado pelos cachorros da vizinhança. A
cachorrada era uma matilha que agora, mais esfomeada que nunca por cargos,
propinas, benesses, e nacos de carne popular, atiçada com as acusações
controlava de vez o quarteirão que ia da Padaria e Confeitaria Congresso até a
cerca da Clínica Jaburu Perneta, uma clínica destinada ao tratamento de
personalidades medíocres que se julgavam acima de Deus.
Karstenberg
passava agora os dias amuado, calado, paranoico mesmo. Uma senhora dirigindo um
velho e gasto Dodge Dart rondava sua casa com aquele alto-falante de vender
pamonhas gritando: tu não me escapas! Tu
não me escapas!! Aquilo era terrível. Ele o mais honesto dos honestos, o mais
justo dos justos, havia até pensado em fazer o papel de Moyses no filme os Dez Mandamentos agora
ameaçada a sua reputação com acusações vingativas, que surgiram desde o dia em
que ele negara uma colherada de sorvete Dagewm Haas a uma camareira do Palácio,
a sra. Ana Amélia do Passo Fundo. Assim chamada porque quando caminhava o peso
dos seus encostos era tanto que seus passos afundavam a calçada por onde
passava. Muito embora todos jurassem que aquela não era Ana Amélia e sim o
fantasma de Robin Williams, uma Babá quase perfeita, assombrando o castelo nas madrugadas, a ponto
do sr Karstenberg dormir trancado dentro de uma colheitadeira de soja.
Apesar do
desespero e do legado que deixaria à Nação o ingrato povo da Uberlíndia continuava como sempre :
casando e andando pro que acontecia na
Capital , a cidade de Shit Roll, que os nativos insistiam em nacionalizar o
nome chamando-a de Rola Bosta.
Foi então
que Karstenberg percebeu que nada daquilo era real, ele era apenas uma
personagem de uma série da Notflit
chamada de o Bananismo, e aquele era apenas o piloto de muitos capítulos de violência, corrupção, e golpes baixos que
viriam com o correr dos próximos episódios.
Mas uma
coisa ninguém podia negar assistindo àquele piloto: o Sr Karstenberg era um
canastrão como nunca houvera antes na História da Uberlíndia.
O grito
unanime ecoava pelos ares: canastrão!!!
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