10 abril 2017

Os "Dimenor" e a Polícia

                                              Este é o presente, sem futuro para eles.


Leio no jornal de hoje que aqui no Rio de Janeiro um jovem indo para o trabalho foi assaltado por cinco menores que além de imobilizá-lo apedrejaram-no até que entregasse todos os seus pertences.

Com auxílio de passantes no local o jovem discou 190 e aguardou por 50 minutos e a polícia nem apareceu.

Comigo já aconteceu isso: fui assaltado por um grupo de delinquentes em frente ao Copacabana Palace às 21 horas de um sábado. Depois de levarem meu dinheiro liguei para a Policia Militar e pedi auxílio, haja à vista que continuavam aterrorizando na Avenida atlântica.

Do outro lado da linha a atendente me perguntou:

-São  “dimenor”?

- Creio que sim.

- Então não podemos fazer nada.

(Fecha o pano, rápido.)

07 abril 2017

Memórias 3 - O Ford Bigode




Meu pai não dirigia. Em compensação contratava sempre um taxista – talvez o único de Faria Lemos (MG) para viajarmos pela região.

Era um terror para mim. Tratava-se de um Ford, o chamado Ford Bigode fabricado por volta de 1927/1930.  Capota de lona, janelas cortinadas, e bancos de couro.
Para arrancar o carro necessitava  girar uma manivela à frente do motor, aí dava-se o arranque e podíamos seguir viagem.

As rodas eram muito frágeis e havia sempre correntes para elas nos tempos de chuvas. As estradas viravam lamaçais que provocavam atoleiros e então colocava-se estas correntes nas rodas que impediam o carro de atolar. E quando ainda assim atolava ficávamos hora esperando o carro de bois da fazenda mais próxima para tirar o fordeco do mingau marrom onde estava afundando.

Mas duas coisas me enjoavam muito no carro:  a nuca do motorista – Chico Volante era chamado -  que eu no banco de trás via sacolejar por todo o trajeto. Ele era um tipo avermelhado, e tinha tido varíola, então sua nuca além de uma cor estranha para mim tinha muitos buracos. Aquilo aliado ao cheiro do couro dos assentos e ao cheiro oleoso da lona e ainda somado ao cheiro desagradável do capim melado da beira das estradas era meu terror, um enjoo que me revirava as entranhas. 

O que era pra ser uma viagem agradável, um passeio pelos campos era “une saison a l’enfer” ( “Uma temporada no Inferno”) parodiando Rimbaud.

06 abril 2017

Corrente do Bem: Michel Temer Te Ama


A Generosidade de Fabio Porchat


Porchat, minha mulher Dôia, e eu.



Entre os novos comediantes do Brasil destaco o brilho e o talento de Fábio Porchat. Mas há nele qualidades muito importantes que somam-se  a estas outras: respeito, elegância, simpatia, bom humor e generosidade.
Não há coisa pior que um humorista deselegante, aquele que faz piadas grosseiras com excluídos, minorias , e coisas tais como uma mãe que amamenta e é chamada de vaca leiteira. Humor é sobretudo para ser feito com elegância.
Mas além da elegância Porchat é sobretudo generoso, divide com seus colegas e com todos as bênçãos que recebe dos deuses das artes cênicas.
Qual não foi minha surpresa dia desses ao assistir um espetáculo de teatro aqui no Rio ver, ao final da peça, o elenco agradecer a Fábio Porchat por ter destinado uma generosa verba para a produção do mesmo. Exatamente isto: doou dezenas de milhares de reais, sem nenhum outro interesse ou retorno que ver os colegas poderem produzir o espetáculo.
Ao mesmo tempo criou ano passado o Prêmio de Humor. Feito para premiar o melhor do humor nacional no teatro. Cinco jurados remunerados de seu próprio bolso, já que até hoje não conseguiu patrocínio para este projeto. Bancou também a entrega do premio em março deste ano no Teatro Rival, Rio, com casa lotada e buffet garantido para a mais de centena de profissionais que acorreu ao local.
Sou muito feliz por ver uma nova geração de comediantes surgindo, e entre eles o Porchat. Um querido.