Nesta tela de Henry Fuseli (1798) Hamlet é seguro por Horácio dante do fantasma do Pai
Na tragédia “Hamlet” de Shakespeare o protagonista - o jovem príncipe Hamlet - encontra-se todas as noites com o fantasma de seu pai, segundo a trama assassinado por seu tio para desposar a viúva, - mãe de Hamlet - e assim ascender ao trono. Esta é a trama.
Na dramaturgia, o fantasma do pai de Hamlet tem uma importância real. Mas duvido que o fantasma que Hamlet vê seja real. Fantasmas são projeções nossas, os nossos próprios fantasmas internos que se nos aparecem para assombrar-nos. Porém, a palavra assombrar não significa necessariamente terror. Segundo Houaiss, pode ser também admiração e maravilhamento.
Cada um de nós, teremos pela vida a fora, até o fim, o fantasma paterno a nos visitar. Mesmo os que não conheceram o pai terão seu fantasma visitador. Inspirando os mais diversos sentimentos.
O diálogo com a mítica figura paterna ocorrerá sempre durante a vida, de tempos em tempos. A cada “visitação” o “fantasma” pode trazer novas revelações das nossas relações filiais, colaborando para aprimorar o nosso autoconhecimento e crescimento, ou pode ficar batendo sempre na mesma tecla, como o fantasma do Pai de Hamlet.
Hamlet, figura patética, passiva, preso ao conflito do “ser ou não ser”, não conseguia sair, romper, o círculo de um passado e avançar na vida com um “fantasma renovado. Preso a velhas memórias. Daí a tragédia.
Não falo de assombrações lendárias, nem sequer do sobrenatural. Falo de uma questão psíquica. E a cada “visitação” nosso diálogo com o “fantasma” interno do Pai deve estar renovado, como um diálogo excitante, revigorante, inovador, onde o Pai continua a resgatar o passado e a nos indicar caminhos e sabedorias.
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