12 fevereiro 2016

O Pai Será Sempre um Fantasma em Nossa Vida


         Nesta tela de Henry Fuseli (1798) Hamlet é seguro por Horácio dante do fantasma do Pai

Na tragédia “Hamlet” de Shakespeare o protagonista -  o jovem príncipe Hamlet -  encontra-se  todas as noites com  o fantasma de seu pai, segundo a trama assassinado por seu tio para desposar a viúva, -  mãe de Hamlet -  e assim ascender ao trono. Esta é a trama.
Na dramaturgia,  o fantasma do pai de Hamlet tem uma importância real.  Mas duvido que o fantasma que Hamlet vê seja real. Fantasmas são projeções nossas, os nossos próprios fantasmas internos que se nos aparecem para assombrar-nos. Porém, a palavra assombrar não significa necessariamente terror. Segundo Houaiss, pode ser também admiração e maravilhamento.
Cada um de nós, teremos pela vida a fora, até o fim, o fantasma paterno a nos visitar. Mesmo os que não conheceram o pai terão seu fantasma visitador. Inspirando os mais diversos sentimentos.
O diálogo com a mítica figura paterna ocorrerá sempre durante a vida, de tempos em tempos. A cada “visitação” o “fantasma” pode trazer novas revelações das nossas relações filiais, colaborando para aprimorar o nosso autoconhecimento e crescimento, ou pode ficar batendo sempre na mesma tecla, como o fantasma do Pai de Hamlet.
Hamlet, figura patética, passiva, preso ao conflito do “ser ou não ser”, não conseguia sair, romper, o círculo de um passado e avançar na vida com um “fantasma renovado. Preso a velhas memórias. Daí a tragédia.
Não falo de assombrações lendárias, nem sequer do sobrenatural. Falo de uma questão psíquica. E a cada “visitação” nosso diálogo com o “fantasma” interno do Pai deve estar renovado, como um diálogo excitante, revigorante, inovador, onde o Pai continua a resgatar o passado e a nos indicar caminhos e sabedorias.

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