- “Comi!
- Não comeu!
- Comi.
“ Não comeu!
- Comeu ou não
comeu?
- Comi.
- Questão de
ordem: se comeu, comeu quando?”
Esta era a
acalorada discussão “revolucionária” que se desenrolava num “aparelho”
comunista com a presença dos 20 militantes da base do Partido, e mais o assistente da Direção Municipal, e o
enviado especial do Comitê Estadual . Isto em plena clandestinidade da Ditadura
Militar, reunidos pra apurar se havia realmente sido desrespeitado o dogma estalinista de que: “mulher de companheiro é homem”, e se haviam ou não “papado” a mulher do Galindo.
Galindo era o
mais novo membro do Partido, estava com 15 anos. Um galinho garnizé. Todo
emproado , orgulhoso da sua virilidade nascente.
Havia conseguido
cair nas graças de uma viuva. A “moça” deveria ter por volta de 50 anos. E ele,
15.Ela morava no mesmo bairro e dava a ele vida boa, e sobretudo sexo para
saciar o testosterona que dirigia agora suas emoções.
Galindo havia
conseguido sua “coroa” e estava muito vaidoso de si. Chamava-a de “minha mulher”,
como se fora sua esposa de fato.
No dia em que
Galindo abriu a guarda, o companheiro Raposo foi à casa
da dita senhora, com a desculpa de levar um recado do “garnizé” e amanheceu ao lado dela com café servido na
cama e massagem nos pés.
Galindo armou
tamanho escândalo sexo-político, para
esclarecer se Raposo havia comido ou não a dita senhora.
Galindo negava-se
a acreditar no fato. Seria a destruição
de sua vaidade viril , a quebra da sua “fantasia amorosa”.
Daí o diálogo na
“seríssima reunião” que se estendeu por horas:
- “Comi!
- Não comeu!
- Comi.
- Questão de
ordem: se comeu, comeu quando?”
A querela findou-se
quando Raposo desabafou:
- “Comi 5ª feira á noite. E provo : ela tem uma pinta na coxa, e na hora H me chamou de “coelhinho” e sussurrava
:Come alface coelhinho, come.”
A reunião virou
uma zona! Galindo atracou-se om Raposo,
e na confusão formada quem mais levou porrada foi o velhinho do Comitê Estadual, afinal ele já
estava acostumado a levar porrada desde a Ditadura do Getúlio.
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