Primeiro de Maio de 1968. Era questão de honra para as forças democráticas celebrar o Primeiro de Maio, mesmo debaixo da repressão feroz do Regime Militar.
Era preciso de alguma forma fazer saber a todos que nutriam esperanças da volta de um regime democrático que a chama não se apagara, que as brasas ainda ardiam e patriotas e democratas de alguma forma se posicionavam contra o arbítrio do regime de exceção.
O Ato foi marcado para o Campo de São Cristóvão, no Rio. À hora marcada lá estávamos, não mais que 50 pessoas, dispersas na imensidão da praça, até nos reunirmos junto ao pequeno coreto.
A praça cercada por tropas em muito maior número. O objetivo militar naquele momento era mais de intimidar que exatamente de prender ou espancar. Foi quando o então senador Mario Martins, antigo udenista, golpista de primeira hora em 1964, mas que em 1966 rompera com o arbítrio e aderira ao MDB e fora eleito pela oposição ao Regime, subiu ao coreto e de viva voz saudou a luta dos trabalhadores e a luta das forças populares pela democracia.
Foi um ato simples, rápido, mas que dizia a todos que mesmo debaixo de baionetas e armas de fogo não nos calávamos não nos acovardávamos, e o Primeiro de Maio, naquele 1968 fora então mais uma vez, como sempre, comemorado em praça pública.
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