Gelsimar, casado, fiel, todo certinho, chegou feliz na festinha aonde fora convidado.
Foi a primeira vez que foi a uma festa sem a esposa. Não deu nem tempo de avisa-la, naquela sexta-feira foi arrastado direto do trabalho, por um colega. Telefonou pra avisar a mulher, mas a bateria dela estava descarregada.
Foi parar num conjugado no
Catete. 20 metros quadrados e mais de 40 pessoas se espremendo ali ao som de
Anitta.Gelsimar tem um problema...é uma espécie de
fobia...basta ficar em lugar apertado com muita gente que vai batendo aquela dor
de barriga ... e foi ficando verde, a
barriga parecendo manifestação de black block: bomba de gás pra todo lado.
- “O banheiro...” pensou. “Preciso chegar ao banheiro.É logo
ali. Três passos...”. Mas a multidão o empurrava de volta para o canto da
geladeira. Usando seu treinamento de sobrevivência no metrô conseguiu alcançar
o banheiro. Banheiro não: quartinho, solitária de Guantánamo! Um metro por um
metro: a pia, o vaso, e entre os dois o
chuveiro.
- “Como o cara conseguia tomar banho ali? Devia botar um pé
na pia, outro no vaso e o bingolin era o ponto de equilíbrio.”
Um basculante enferrujado, e do teto cinzento esverdeado
pingava uma goteira bem em cima do vaso. Gelsimar precisava ir ao vaso, mas
quando foi sentar descobriu que estava cheio de gelo até à boca. O gelo que
sobrou jogaram no vaso. O jeito que tinha era sentar devagar e ir derretendo o
gelo com a bunda...aí descobriu que a porta não tinha tranca. Botou o copo de cerveja na
pia, segurou a pia com as duas mãos, prendeu a porta com o queixo e com as
calças arriadas e as pernas bem abertas, por causa da goteira, foi arriando o
bumbum bem devagarzinho sobre aquele iceberg sanitário. Mas quando o fiofó
sentiu aquilo gelado... fechou que não passava nem pensamento. Gelsimar desesperado doutrinando o fiofó parecia sessão espírita:
- “Vai, dá passagem...dá passagem...” e nada. Quando
finalmente conseguiu, pifou o som da sala. Gelsimar ouvia o pessoal falando. E ouvia-se do banheiro o ribombar dos gases. Gelsimar
pensando: - “Se eu ouço eles, eles me ouvem aqui. O jeito é disfarçar o som. Vou
dar descarga.” Não tinha água. O jeito era tossir. Começou a tossir; começaram
a bater na porta:
- “Tá passando mal? Precisa de alguma coisa?” Vexame! Finalmente terminou. –“Papel!?Onde está
o papel?” Não tinha. Não tinha nada. O jeito era usar a cueca. Usou, jogou pelo
basculante, e saiu do banheiro com a maior cara de pau. Durou pouco o alívio.
Foi o tempo do síndico, um coronel dentista, entrar pela festa a dentro com um revólver
na mão gritando:
- "Qual foi o fdp que jogou essa cueca na minha sala?"
- "Daqui não foi."
- "Foi sim!"
Foi, não foi... e aí:
- "Tira a calça todo mundo!" Esbravejou op coronel com o revolver na mão.
Quando a polícia chegou flagrou todo mundo sem calça. Todos
pra delegacia. Mas o pior da noite foi o
Gelsimar ter que explicar pra sua mulher que não estava numa suruba num
conjugado no Catete.
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