04 junho 2015

Crônica de Humor - Gelsimar, o Azarado




Gelsimar, casado, fiel, todo certinho,  chegou feliz na festinha aonde fora convidado. Foi a primeira vez que foi a uma festa sem a esposa. Não deu nem tempo de avisa-la, naquela sexta-feira foi arrastado direto do trabalho,  por um colega. Telefonou pra avisar a mulher, mas a bateria dela estava descarregada.
Foi  parar num conjugado no Catete. 20 metros quadrados e mais de 40 pessoas se espremendo ali ao som de Anitta.Gelsimar tem um problema...é uma espécie de fobia...basta ficar em lugar apertado com muita gente que vai batendo aquela dor de barriga ...  e foi ficando verde, a barriga parecendo manifestação de black block: bomba de gás pra todo lado.
- “O banheiro...” pensou. “Preciso chegar ao banheiro.É logo ali. Três passos...”. Mas a multidão o empurrava de volta para o canto da geladeira. Usando seu treinamento de sobrevivência no metrô conseguiu alcançar o banheiro. Banheiro não: quartinho, solitária de Guantánamo! Um metro por um metro:  a pia, o vaso, e entre os dois o chuveiro.
- “Como o cara conseguia tomar banho ali? Devia botar um pé na pia, outro no vaso e o bingolin era o ponto de equilíbrio.”
Um basculante enferrujado, e do teto cinzento esverdeado pingava uma goteira bem em cima do vaso. Gelsimar precisava ir ao vaso, mas quando foi sentar descobriu que estava cheio de gelo até à boca. O gelo que sobrou jogaram no vaso. O jeito que tinha era sentar devagar e ir derretendo o gelo com a bunda...aí descobriu  que a porta não tinha tranca. Botou o copo de cerveja na pia, segurou a pia com as duas mãos, prendeu a porta com o queixo e com as calças arriadas e as pernas bem abertas,  por causa da goteira, foi arriando o bumbum bem devagarzinho sobre aquele iceberg sanitário. Mas quando o fiofó sentiu aquilo gelado... fechou que não passava nem pensamento. Gelsimar desesperado doutrinando o fiofó parecia sessão espírita:
- “Vai, dá passagem...dá passagem...” e nada. Quando finalmente conseguiu, pifou o som da sala. Gelsimar ouvia o pessoal falando.  E ouvia-se do banheiro o ribombar dos gases. Gelsimar pensando: - “Se eu ouço eles, eles me ouvem aqui. O jeito é disfarçar o som. Vou dar descarga.” Não tinha água. O jeito era tossir. Começou a tossir; começaram a bater na porta:
- “Tá passando mal? Precisa de alguma coisa?”  Vexame! Finalmente terminou. –“Papel!?Onde está o papel?” Não tinha. Não tinha nada. O jeito era usar a cueca. Usou, jogou pelo basculante, e saiu do banheiro com a maior cara de pau. Durou pouco o alívio. Foi o tempo do síndico, um coronel dentista, entrar pela festa a dentro com um revólver na mão gritando:
- "Qual foi o fdp que jogou essa cueca na minha sala?"
- "Daqui não foi."
- "Foi sim!"
Foi, não foi... e aí:
- "Tira a calça todo mundo!" Esbravejou op coronel  com o revolver na mão.
Quando a polícia chegou flagrou todo mundo sem calça. Todos pra delegacia. Mas o pior da noite  foi o Gelsimar ter que explicar pra sua mulher que não estava numa suruba num conjugado no Catete.



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