Boi esperto não pula cerca: arrodeia.
Adauto, casado, e muito bem casado, há mais de vinte anos.
Já um senhor de seus cinquenta e poucos anos, de repente, por essas coisas que
só o Coisa Ruim apronta (não estou falando do Cunha), ele resolveu dar uma “pulada
de cerca”. Uma primeira e única em toda a sua vida de casado.
Pois aí é que mora o perigo. Foi assim: Adauto naquele fim de
tarde saiu do trabalho e seguiu para um bar na Gomes Freire. Ali, conversa vai,
conversa vem, conheceu uma dessas mulheres de vida difícil que sabe seduzir e
encantar o homem para tirar dele o seu sustento.
Adauto foi para um motel com a desconhecida. Preparou-se
todo. Tremendo, antevendo o prazer do ato transgressor, oculto aos olhos de sua
mulher.
Pois não é que chegando lá a dita senhora começou a tremer e
a saltar sobre a cama como que possuída. No início Adauto achou que se tratava
de alguma “entidade”. Como a “dona” não parava de estrebuchar ele interfonou pra
gerência do motel. O gerente diagnosticou: epilepsia. E tomou os primeiros
cuidados. Dali a pouco Adauto ouviu as sirenes. O gerente havia chamado os
Bombeiros, o Samu, a polícia...só não chamara o Katamiguiri porque ele estava
em Brasília dando pinta.
E a mulher tremendo e pulando na cama. O quarto invadido por
um monte de gente fardada, e por todos os empregados do motel. Quase vinte pessoas em volta de Adauto.
A Capitã Bombeira
começou com as perguntas:
“- Qual o nome dela? A profissão? Onde ela trabalha? O que
ela é do senhor? Sabe se ela tem outras síndromes? Que remédios ela toma? ”
E Adauto apavorado a
tudo respondia, deprimido: “Não sei...não sei de nada...foi só um chopinho...”
E nessa chegou a imprensa, aquela imprensa bem escandalosa.
Fotografaram Adauto, a mulher e o quarto repleto.
Os paramédicos medicaram a cidadã, e foram embora
recomendando a Adauto que ficasse ao lado dela até ela acordar, coisa que só aconteceu
quando as edições escandalosas já estavam nas ruas. A cara de Adauto em
primeiro plano: “Pulou a cerca e Se Deu Mal” era a manchete de um deles.
Até hoje Adauto jura de pé junto para Dona Malvina, sua mulher,
que aquele não era ele, era alguém que parecia com ele, que ele tinha ficado
preso no elevador do prédio a noite toda por falta de luz.
Não existe a chamada “sorte de iniciante”? Pois com o Adauto
foi “azar de iniciante”. Pra nunca mais ouvir o Coisa Ruim. (Já disse: não é o
Cunha).
Que merda, hein?
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