30 novembro 2015

Com Cunha, Afinal Somos Todos Débeis Mentais




(Texto de Tomás Rezende, ator, diretor de teatro tv e cinema)

Vivemos numa sociedade arcaica, patriarcal e egoica. 
Vivemos tempos de extremo cinismo. 
O Cunha é o nome do personagem neste episódio. O personagem é sempre o mesmo: é um débil mental. 
Precisamos ter um débil mental no poder para poder nos sentir vítimas, para poder culpar alguém e poder omitir nossa responsabilidade em relação a muitas coisas. 
É um terror e é confortável ao mesmo tempo ter o Cunha no poder. Podemos ficar indignados. Podemos sentir que expressando nossa indignação estamos fazendo algo. Alimentamos nosso cinismo neste movimento de indignação que grita e não assume total responsabilidade. 
Cunha uma pessoa arcaica, uma figura que ainda usa a imagem de um Deus vingativo para manipular milhões de pessoas. 
Um homem que manipula a oposição e o governo pois tem informações de ambos os lados. 
Eu posso me indignar com a perversão de um débil mental no poder. Mas no fundo ele é um espelho da minha perversão e incapacidade de assumir responsabilidade pelas minhas escolhas. 
Ele é o espelho de uma sociedade incapaz de assumir responsabilidade. 
Uma sociedade patriarcal que ainda culpa o pai por suas mazelas.




                                                                                                                           Tomás Rezende

Um comentário:

  1. O papel de cunha caiu muito bem no cunha, talvez secretamente gostaríamos de estar ali, vestindo aquele papel, mas só brincando de ser. Quem sabe desempenhando até melhor o terrível, o bufão, o canastra e o canalha no melhor espetáculo de nossas vidas. Depois voltar para casa com ar vitorioso de convencer a plateia que ser aquilo tudo na vida real é muito vergonhoso.

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