13 abril 2016

O Prazer da Velhice


old1 O Prazer da Velhice
Ah...dilícia de sorvete !!!

“Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança. 
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.”
Estes versos acima do poeta maior Carlos Drummond de Andrade quando lidos na juventude a gente entende, mas lidos na velhice a gente os vivencia. É diferente.
Pensava que ao chegar à minha idade não haveria prazer. Ledo engano. Creio que o maior prazer na velhice é o que hoje vivencio: o de poder saborear cada coisa e cada momento como único, de forma intensa, como se fora o último.
Quando se é jovem o sorvete, o jogo de bola, a praia, o colchão, o sapato, a camisa...tudo e todos são vistos como se eternos, logo desfrutáveis sempre e a qualquer momento.  Vulgares, comuns, direitos de juventude, direitos da vida.
Na velhice cada uma destas coisas ganha um outro colorido, um outro sentido: o sentido do aqui e agora. Do possível. Do finito, logo por isso mesmo tendo que ser eternizado naquele momento. De forma intensa e profunda. Passa a fazer parte de outros versos de outro poeta: “Que (tudo) seja eterno enquanto dure”. Vinícius de Moraes.

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