Estava posto no recesso do meu lar (risos) assistindo um programa noturno. Presentes no programa além de muitas outras personalidades - inclusive Thiago Lacerda - estava o historiador Eduardo Bueno , o Peninha.
Autor de vários livros sobre o Brasil do século XVI.
Mas de repente, não mais que de repente, sem quê nem pra quê, num adendo da conversa o Peninha me larga: "Aquela bosta que é o Nordeste." Vi e ouvi com meus próprios sentidos.
Ninguém editou, ninguém postou pela metade... nada. Estava lá, a "obra" inteira sujando a linguagem da TV.
Fiquei chocado, sobretudo pela parte nordestina (baiana e sergipana) que me toca.
Mas como compreender Eduardo Bueno?
Mais tarde lendo uma entrevista sua datada de 1998 vi a geléia geral que se passa na sua cabeça.
Diria que ele é um prisma. Reflete várias imagens e personalidades conforme o mundo gira e ele gira com o Mundo.
Lembrou-me, pela maneira de falar e pelas expressões usadas um amigo que tive, rico exemplar de esquizo, consumido por gênios que o levavam a vagar entre o real e o imaginário.
Como diria Raulzito: Eduardo é "maluco beleza"! Não diz coisa com coisas, mistura todos os conceitos e diverte-se com seus próprios egos inflados.
Como em uma típica feira nordestina na cabeça de Peninha tem de um tudo pro gosto de qualquer freguês, basta escolher o ego que te agradar no momento.
Dono de um raciocínio rápido, e de uma retórica idem, faria realmente falta ao universo brasileiro de hoje.
Se eu estivesse na Bahia diria com o humor que nos caracteriza que ele tem a cabeça de para raios: cada hora uma centelha de energia vinda de espaço diverso desata mais um curto circuito no seu cérebro.
Não sei como conseguiu escrever com tanta lógica e coerência as obras que lhe encomendaram Fernando Henrique e José Serra.
Espero continuar lendo os seus bons livros e separando o joio do trigo. Pelo visto , muito mais joio que trigo (risos).
Em tempo: o Nordeste não precisa da minha defesa, nem da de ninguém. O nordestino é antes de tudo um forte, escreveu Euclides da Cunha, e o Nordeste fala por si.