22 novembro 2016

Como Está Sendo a Temporada de Comédias no Rio Este Ano



Estamos chegando ao fim do ano. Assisti a dezenas de comédias durante o ano. Umas me agradaram, outra não. Mas há uma característica que é comum a quase todas: a falta de unidade.

Eu explico: há comedias onde atores estão ótimos, mas a direção é frasca e os atores se viram para dar o melhor de si. Há comédias que são o contrário: excelente projeto de direção e os atores não o cumprem. Há comédias em que o texto é menor que o talento dos atores, e há comédias em que o talento dos atores é menor que o texto. Há comédias em que figurinos, cenários e trilha são bons, e direção e elenco não chegam aos pés.

Enfim, o que quero flagrar é que com raras exceções há um senso quase esquizofrênico nas montagens cômicas este ano de 2016.

Quase não se consegue o todo harmonioso que torna uma comédia uma obra inspirada.
Mas;... o ano ainda não acabou e há muitas comédias ainda pela frente,
Divirta-mo-nos.

20 novembro 2016

Insegurança e Preconceito

                        Ah, Cidade da Bahia, do alto do Elevador o preconceito te contempla


Minha mulher estava em Salvador, entrou numa lanchonete com nossos dois netos. Em seguida entraram dois jovens adolescentes e sentaram-se em outra mesa. Vale dizer que eram negros.
Imediatamente, o segurança, também negro, veio retirar os dois jovens da lanchonete.
Eles não haviam sequer feito um pedido.
Minha mulher questionou o segurança:

- Porque o senhor está fazendo isso? Porque está tirando eles daqui?
- Porque eles entram aqui e podem roubar as pessoas.
- Mas eles não roubaram ninguém, não fizeram nada, apenas sentaram...eles têm direito de entrar aqui, o senhor não pode fazer isso. Como o senhor pode dizer que são criminosos?
- Eles são todos iguais. Disse o segurança.

Um dos jovens, constrangido, abriu sua mochila e mostrava ao segurança:
- Olha aqui moço, não tem nada roubado aqui. É tudo meu, coisas da escola, coisas pessoais.

Não adiantou. As pessoas nas outras mesas faziam de conta que os dois jovens eram invisíveis e que aquela cena não estava ocorrendo.
A violência do silêncio e da omissão delas é tão forte, ou mais até, que um furto de um pivete de rua.
Minha mulher rendeu-se àquela cena de violência para evitar que ela própria entrasse em conflito de violência maior com o segurança da lanchonete.
Os jovens foram retirados da lanchonete. Não sabemos até hoje se eles queriam apenas tomar um sorvete, ou descansar um pouco sentados ali.
Não roubaram ninguém, não agrediram, não foram violentos. Ao contrário: sofreram a violência diária destinada aos que “são todos iguais”.