01 julho 2011

CENAS DE UMA DITADURA 16 - A RÁDIO DO BRIZOLA


Nos dias que se seguiram ao exílio de João Goulart no Uruguai ficamos desnorteados. Não havia resistência ao Golpe.

O Exército mostrara-se coeso e disciplinado.

Não podíamos acreditar que os “nossos” sargentos, subtenentes e cabos não conseguissem reagir.
A lista de cassações e as prisões aumentavam  a cada dia.

Nossas análises eram as mais claras demonstrações de “achismo”. Desde os mais antigos no Partido, até os mais novos , dizia-se :

-“Este golpe não dura seis meses.”

Talvez alguém tenha dito vinte anos, mas ninguém escutou.

Escutávamos sim a Rádio clandestina do Leonel Btrizola. Única resistência de que tínhamos notícias.
De algum lugar no Rio Grade do Sul, montada sobre um caminhão que se deslocava contínuamente, todas as noites, ainda que com muita estática, ouvíamos Brizola denunciando o Golpe, “O Globo” e o “Estadão”,  e propondo a resistência.

Propunha que os militares patriotas e nacionalistas se sublevassem.Propunha que a população deixasse de pagar impostos para com esta desobediência civil enfraquecer e derrubar a ditadura então instalando-se.

Naquelas trevas que se abatiam sobre nós, Brizola era um farol que nos trazia esperanças.
Até o dia em que  a rádio silenciou, e definitivamente Brizola internou-se no Uruguai.

Mas a partir deste dia todos os olhos e ouvidos de patriotas estavam voltados para a Banda Oriental do Prata.

Brizola já havia comandado a Rede da Legalidade em 1961 quando não quiseram dar posse ao Jango. Armara o povo gaúcho, e do Palácio Piratini comandara a resistência ao primeiro Golpe.

Agora., era dele que vinha a nossa possibilidade de luta imediata.

Com ajuda de Cuba, ele bem que tentou, mais tarde a guerrilha na Serra do Caparaó, em Minas Gerais. Mas  foi derrotado, e os que tramavam a primeira  guerrilha no Brasil, presos e torturados.
Estávamos entregues à bandidagem dos que tomaram o poder à força das armas.

Próximo:A  MINHA PRIMEIR A GUERRILHA

2 comentários:

  1. Te digo uma coisa: Encontraste uma forma belíssima de relatar um pedaço da história de nosso país, um testemunho pessoal imperdível. E se juntarmos todos os relatos teremos um livro, dos melhores, mais atraentes!!! Eu nasci em 1963, era criança ou adolescente durante a ditadura, mas tenho sede de conhecer os detalhes do que se passou naquele tempo. Lembro-me dos hinos em louvor aos militares que éramos obrigados a aprender na escola e cantá-los nas solenidades. Nada diferente do que Hitler fazia com a juventude de seu tempo.

    ResponderExcluir
  2. Onde está você amigo Bemvindo?Você sumiu, estomos com muitas saudades de ti, aparece ae no teu blog e fale um pouco da atual política brasileira.

    ResponderExcluir

Deixe um comentário.