Ontem foi o Dia do Farmacêutico. Há Dia pra tudo no Brasil todo. Estive relendo Vinicius de Moraes que sugeriu a criação de um Dia da Sinceridade. Já que o Dia da Mentira (1º de abril) pode também ser todos os dias. É fato que já temos a Comissão da Verdade, mas o Dia da Sinceridade seria de todos e não de uma Comissão.
Para o dia da Sinceridade Vinicius escolheu os vendedores de sapatos, que “ajoelhados diante dos fregueses mais se assemelham a madalenas arrependidas pedindo perdão pelos sapatos que tem que vender” dizia o poeta. E não deixava de ter razão em cita-los assim.
Eu mesmo toda vez que vou escolher um sapato o vendedor me diz:
- Ficou ótimo no senhor!
Não consigo acreditar. Aquele couro duro apertando meu pé; aquele bico fino de matar barata no canto da sala, aquela cor horrorosa de burro quando foge...escolho outro par e ele com a mesma cantilena:
- Esse ficou melhor ainda.
No dia da sinceridade ele já começaria me dizendo:
- Com esse joanete não tem sapato que vai ficar bem no senhor. Vai apertar muito o seu pé.
E eu, em posição mais alta que ele ajoelhado, olhando sua cabeça lhe diria:
- É melhor tratar da sua caspa antes de ficar careca de todo.
Ele retrucaria;
- Talvez um par de ferraduras ficasse melhor no senhor.
E como seria o Dia da Sinceridade despediríamos um do outro com um sincero abraço, sem ressentimentos.
Vendedor à parte, hoje é o Dia do Farmacêutico e comemoro dizendo que a sinceridade é remédio amargo mas diz o adágio popular:
- “O que aperta segura, o que amarga cura!”
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