04 março 2018

Encontros com o Vampiro





Acabado o Carnaval o Rei da Uberlindia estava numa tristeza só, porque o povo julgava que ele era o Vampirão. O Drácula da Tuiuti. 
Prestara concurso para ser o Drácula, mas seu carma era ser vice, ficou em segundo lugar, e ganhou o posto de mordomo do Drácula. Obedecendo as ordens que o Chefe mandava de Washington.
Que tristeza... Mordomo...foi aí que o seu marqueteiro, Joseph Goebels sugeriu que ele espantasse a tristeza recebendo artistas, de preferencias comediantes.
Como eu havia perdido a boquinha da Lei Rouanet onde tirava por mês 320milhões de bitcoins e dois litros de guaraná Dolly, inscrevi-me no Edital Para Bobo da Corte do Mordomo do Drácula. E ganhei. Relato a experiência dos encontros com sua Santidade o Rei:

15de fevereiro – Depois de enxotar alguns jaburus, adentrei o Castelo. Encontrei Her. Fuherer muito assustado disse-me que mesmo tendo se mudado os fantasmas continuavam vindo à noite. Que a noite era um terror para ele. Sugeri que fosse dormir no Japão pois quando aqui era noite lá era dia. Contei para ele a piada do papagaio corrupto, mas ele não riu, apenas grunhiu. Um grunhido curto, mas forte o suficiente para assanhar uma manada de porcos do mato que estavam por ali à espera de um cargo qualquer em qualquer Ministério da Uberlindia.

18 de fevereiro – Hoje o encontrei possesso. Her. Fueherer, na verdade a oitava reencarnação de Joaquim Silvério dos Reis, proibiu que qualquer cidadão do reino se vestisse de vampiro, Paneleiro, ou pato, nem marreco, berrava ele   E também baixara um decreto proibindo até 31 de dezembro qualquer integrante da Tuiuti de comer purê de beterrabas ou pronunciar a palavra Tutancâmon, mesmo que de trás para a frente: nomaknatut. Tentei acalma-lo contando a piada do vampiro e o Modess, mas em vez de rir ele começou a chorar lágrimas de crocodilo que são raríssimas e só acontecem quando os jacarés assumem o Poder.

21 de fevereiro -Hoje a segurança me fez entrar pelos fundos. Encontrei-o de quatro no quintal a contar formigas. Percebi que seu estado mental decaira como previu o Dr. Ray e profetizara Divaldo Franco no programa “Bate Papo com o Além” pela tv UHF. Ele não conseguira o que mais almejava: a reforma da providencia. Desde criança alimentava o sonho de reformar a Providência Divina e agora que estava prestes a tornar o Deus Eterno em trabalhador temporário prestando serviços intermitente por mais cinco mil anos antes de se aposentar ele não conseguira os votos para isso. Os exus não vieram todos para gira. O Inferno não deu quórum. Contei a piada do capeta que era corno porque tinha chifres, mas foi pior: as formigas criaram asas e ele passou a comer bundas de tanajuras cantando o sucesso de Cely Campello: tomo um banho de lua...

24 de fevereiro – Hoje ele estava feliz.  Decretara a intervenção militar. Encontrei-o jogando war com um chefe de cozinha, uma condessa espanhola e um sósia do Diogo Mainardi. Ele acabara de conquistar a Venezuela. Achei de bom tom não contar piada alguma.

26 de fevereiro -  Dava pulinhos de alegria, e não calava a boca um minuto sequer, declarava ao único jornalista que comparecera à coletiva de imprensa, um sudanês que imprimia um jorna em mimeografo a álcool na capital Cartum. Dizia que a intervenção era um sucesso e que o povo o amava, mas tinha vergonha de dizer, que ele era o melhor rei que a Uberlindia já tivera e que ele seria eterno candidato à reeleição. Tentei ser mais engraçado que ele, mas desisti.

No dia de Hoje ele estava amordaçado e atado a uma cama com dois enfermeiros ao lado portando sedativos para cavalos. Não vi razão para graça, então puxei uma cadeira ao seu lado e li inteiro, num só folego, como sugestão “O Alienista” de Machado de Assis. Pelo brilho dos seus olhos pude perceber que ele estava dominado, amarrado, mas não vencido nem convencido. Sua obra de destruição da Uberlindia ainda não estava completa. 
Nos seus olhos pude ler: me aguardem no próximo Carnaval.


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