Acabado o
Carnaval o Rei da Uberlindia estava numa tristeza só, porque o povo julgava que
ele era o Vampirão. O Drácula da Tuiuti.
Prestara concurso para ser o Drácula,
mas seu carma era ser vice, ficou em segundo lugar, e ganhou o posto de mordomo
do Drácula. Obedecendo as ordens que o Chefe mandava de Washington.
Que tristeza...
Mordomo...foi aí que o seu marqueteiro, Joseph Goebels sugeriu que ele espantasse
a tristeza recebendo artistas, de preferencias comediantes.
Como eu
havia perdido a boquinha da Lei Rouanet onde tirava por mês 320milhões de
bitcoins e dois litros
de guaraná Dolly, inscrevi-me no Edital Para Bobo da Corte do Mordomo do Drácula.
E ganhei. Relato a experiência dos encontros com sua Santidade o Rei:
15de
fevereiro – Depois de enxotar alguns jaburus, adentrei o Castelo. Encontrei Her.
Fuherer muito assustado disse-me que mesmo tendo se mudado os fantasmas
continuavam vindo à noite. Que a noite era um terror para ele. Sugeri que fosse
dormir no Japão pois quando aqui era noite lá era dia. Contei para ele a piada
do papagaio corrupto, mas ele não riu, apenas grunhiu. Um grunhido curto, mas
forte o suficiente para assanhar uma manada de porcos do mato que estavam por
ali à espera de um cargo qualquer em qualquer Ministério da Uberlindia.
18 de
fevereiro – Hoje o encontrei possesso. Her. Fueherer, na verdade a oitava
reencarnação de Joaquim Silvério dos Reis, proibiu que qualquer cidadão do
reino se vestisse de vampiro, Paneleiro, ou pato, nem marreco, berrava ele E também baixara um decreto proibindo até 31
de dezembro qualquer integrante da Tuiuti de comer purê de beterrabas ou pronunciar
a palavra Tutancâmon, mesmo que de trás para a frente: nomaknatut. Tentei
acalma-lo contando a piada do vampiro e o Modess, mas em vez de rir ele começou
a chorar lágrimas de crocodilo que são raríssimas e só acontecem quando os
jacarés assumem o Poder.
21 de
fevereiro -Hoje a segurança me fez entrar pelos fundos. Encontrei-o de quatro
no quintal a contar formigas. Percebi que seu estado mental decaira como previu
o Dr. Ray e profetizara Divaldo Franco no programa “Bate Papo com o Além” pela
tv UHF. Ele não conseguira o que mais almejava: a reforma da providencia. Desde
criança alimentava o sonho de reformar a Providência Divina e agora que estava
prestes a tornar o Deus Eterno em trabalhador temporário prestando serviços
intermitente por mais cinco mil anos antes de se aposentar ele não conseguira
os votos para isso. Os exus não vieram todos para gira. O Inferno não deu
quórum. Contei a piada do capeta que era corno porque tinha chifres, mas foi
pior: as formigas criaram asas e ele passou a comer bundas de tanajuras
cantando o sucesso de Cely Campello: tomo um banho de lua...
24 de fevereiro
– Hoje ele estava feliz. Decretara a
intervenção militar. Encontrei-o jogando war com um chefe de cozinha, uma
condessa espanhola e um sósia do Diogo Mainardi. Ele acabara de conquistar a
Venezuela. Achei de bom tom não contar piada alguma.
26 de
fevereiro - Dava pulinhos de alegria, e
não calava a boca um minuto sequer, declarava ao único jornalista que comparecera
à coletiva de imprensa, um sudanês que imprimia um jorna em mimeografo a álcool
na capital Cartum. Dizia que a intervenção era um sucesso e que o povo o amava,
mas tinha vergonha de dizer, que ele era o melhor rei que a Uberlindia já
tivera e que ele seria eterno candidato à reeleição. Tentei ser mais engraçado
que ele, mas desisti.
No dia de Hoje
ele estava amordaçado e atado a uma cama com dois enfermeiros ao lado portando
sedativos para cavalos. Não vi razão para graça, então puxei uma cadeira ao seu
lado e li inteiro, num só folego, como sugestão “O Alienista” de Machado de
Assis. Pelo brilho dos seus olhos pude perceber que ele estava dominado,
amarrado, mas não vencido nem convencido. Sua obra de destruição da Uberlindia
ainda não estava completa.
Nos seus olhos pude ler: me aguardem no próximo
Carnaval.
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