O Infarto de
Plínio Queixadinha
Plínio
Queixada de Araújo, também conhecido em certos círculos como Plínio Boca de
Esgoto também é conhecido no prédio onde mora como Plínio Meia Bomba... o
apelido ele ganhou de uma empregada da vizinha, uma que ele paquerou durante anos até que um dia
conseguiu adentrar o covil da pantera. Mas era muita areia pro caminhãozinho
dele, e a moça além do mais era crente e exigiu que antes de qualquer tratativa
ele ouvisse a leitura completa do Livro dos Números,o mais instigante livro da
Bíblia, que como se sabe trata do recenseamento número por número da população
das doze tribos de Israel no Deserto, duas hora depois contado o último hebreu quando
chegou a hora de dizer ao que viera, na hora agá ele bombou. Melhor dizendo não
bombou. Ficou meia bomba. Bombé como diziam os antigos. A moça até tentou usar uma calçadeira, mas nada.
Tentou rezar com arruda lembrando seus tempos de terreiro, mas nada.
Um fiasco. Daí
a moça, contou pra uma amiga, que contou para a patroa,
que contou pro marido, que contou na roda de cerveja do play e aí os três blocos de apartamentos, incluindo o
jornaleiro da esquina sabendo quem era Plínio Meia Bomba.
Na verdade
Plínio é um animal pré histórico. Intervenção Militar Já, A natureza determina
homem foi feito pra mulher e pronto, nada de diversidade sexual; mas ele diz :
não gosto de viados, mas respeito. É eleitor do Bolsonaro, votou no filho numero 02 para Prefeito; e vai por
aí.
Pois estava
Plinio sentado na sua sala a ver pela televisão o desfile das Escolas de Samba
quando entra a Paraiso do Tuiuti.
No início
ele achou muito interessante aqueles negros acorrentados. “Negro é muito
decorativo” disse ele para si mesmo, já
que Plínio viveria na mais completa solidão, não fosse um cachorro
depilado que três vezes ao dia ele leva na rua pra prazeirozamente catar a
bosta do animal. Prazer gfantástico que preenche sua precariedade intelectual..
Mas à medida que a escola ia evoluindo, a letra do samba...aquelas
alegorias...aquelas sugestas político partidárias desfilando na tela da
platinada...a pressão de Plínio foi subindo. Correu pra varanda indignado e
berrava : Tem que ter escola sem partido! Escola sem Partido! Por isso que
Sou a favor de Escola sem Partido! Ninguém
ouviu, o mundo estava de olho pregado aplaudindo a Tuiuti. Começou a girar no
meio da sala...não sabia se era a labirintite ou um exu pedindo passagem...mas o auge foi quando
viu aquelas mãos imensas manipulando paneleiros dentro de patinhos amarelos. Aí
foi demais, correu ao banheiro a mirar-se no espelho pelas costas para ver se a
panela de inox ainda estava bem enfiada no lugar certo, e desabou babando uma
gosma patriótica no chão do corredor. A
última coisa que ainda se lembra foi de ver uma constrangida jornalista na tela
da tv e um pessoal atrás cantando vai
dar pt vai dar pt.
Seu
cachorro, um buldogue francês que é a cara do Heráclito Fortes foi quem o
despertou lambendo sua orelha esquerda, a direita ele perdera e não se lembrava
onde. Ele tinha uma paranoia: jurava que Leonardo Boff comera sua orelha com
grão de bico.
Arrastou-se
até o interfone, Waldemiro o porteiro atendeu, mas ele em delírio jurava que
estava falando ao telefone com Alexandre Frota:
Me ajuda
Alexandre chama uma ambulância.
Está
internado na emergência do Hospital Miguel Couto. Chegou insconsciente e foi
relatado por suas atribuições físicas. A primeira a depor ao policial de plantão oi
sua gigantesca hernia que na ficha preencheu o nome como Janaina a Imprevisível, e de um joanete maior
ainda que a hérnia registrado como Ronaldo Fenômeno, eles entre lágrimas
explicaram que Plinio é a favor da
intervenção militar. Não por ideologia, mas apenas porque ele se julga parte da
caserna. Plínio cursou o Colégio Militar só até a terceira série, mas largou no
meio porque fora internado por causa de uma infestação de chatos. Ainda assim
Plínio se acha um militar de carreira. Ele diz com orgulho: sou amigo do
General Fulano. Mais uma de suas fantasias. Porque na verdade o General Fulano
fora colega de turma de Plinio, mas fugia dele como o diabo da cruz, porque
ninguém suportava o mau hálito exalado por Plinio Queixadinha, daí um de seus
apelidos: Boca de Esgoto.
Não foi o
coração, foi prisão de ventre. A panela bloqueou meses de merda e nenhum médico, nem mesmo os médicos coxinhas se
atrevem a tirar a panela dali, pois o Prefeito que agora zela pela segurança da
cidade avisou lá de Moscou : pode ocorrer uma fecal explosão apocalíptica.
Um faxineiro
do Hospital que desfilara pela Tuiuti deu a solução: se é pra chover merda leva
ele pra Brasília e destampa lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe um comentário.