20 fevereiro 2018

A Intervenção Miulitar e a Louca Paixão de Adolfo, o Mito





Naquele dia Adolfo, o Mito,
também conhecido como Adolfinho Zero Zero, ele gostava de numerar as pessoas, ele era o Zero Zero, seus filhos os números 1, 2 e 3 . A única filha não era numerada pois não podia ser quantificada. Numa palestra na Associação dos Cortadores de Grama de Elói mendes, em Minas Gerais ele dissera que mulheres valiam menos que um molho de brócolis, e fora muito aplaudido.

Adolfo teve conhecimento da Intervenção Militar no Rio de Janeiro.
 E indignou-se, vale dizer que ele não era homem de  se indignar com qualquer coisinha como direitos humanos, uma atendente de telefonia celular,  ou um escorpião numa lata de coca cola.

Na mesma hora que soube da notícia para surpresa geral Adolfinho proclamou que era contra  a intervenção.
Oh, um ohhh prolongado oooooohhh ouviu-se por toda a nação. Logo ele era contra a intervenção militar já?

O motivo era lógico, o feito tirava dele o protagonismo de ser o herói que montado numa metralhadora, na passarela da Rocinha e aplaudido por um milhar de especuladores do dinheiro alheio iria disparar sobre os trezentos mil moradores pondo fim junto com eles à bandidagem. Sua fórmula era perfeita: panfletos dando um prazo e depois, a metralha.
E agora vinha este general atrapalhar seus planos, tirar dele a gloria de  acabar com os bandidos pés de chinelo do Rio de Janeiro.

E isto logo naquele dia que Adolfo acordara de péssimo humor, o que aliás era comum no seu cotidiano depois que sua mãe fora atropelada e morta  por um avião Constelation da Panair do Brasil   ao atravessar a Rua Domingos Ferreira, no Leblon.
O avião, descontrolado desde a falência da empresa ficava à espreita atrás de bancas de jornais e hidrantes, à espera de senhorinhas míopes e mancas.  Agenitora de Adolfo possuía estas duas qualidades era míope e manca.

Preso em flagrante por um meganha que na hora de folga estava dirigindo um UBER o  avião declarou no Tuiter – o depoimento foi dado no tuiter porque o governo não tinha verbas para papeis – o avião confessou que seu prazer era atropelar senhorinhas do Leblon numa vingança contra as novelas de Manoel Carlos que ele detestava desde que era criança, quando ainda era um DC3 da Real Aerovias. Ainda assim há controvérsias.

Mas o assunto é Adolfo, o Garnizé de Realengo, não confundir com o Galinho de Quintino.
Irritado com a Intervenção que lhe tirava o brilho, sua raiva hedionda transformou-se em gula, uma gula ansiosa que o levou a comer 12 pratos de  de ravióli frios no Sporreto. O ravióli era sua paixão. ele dizia que o ravióli do sporreto ficava melhor depois de frio.  A massa pesou e ele foi fotografado dormindo de boca aberta no trabalho. Dormiu e sonhou, um sonho  épico que virou pesadelo. No sonho ele era o Imperador da Uberlíndia. Coroa na cabeça, faixa ao peito, uniforme de Napoleão,  Mas quando no sonho  se preparava para apertar o gatilho da metralhadora os comunitários, de cima da criminosa colina jogavam merda fresca sobre ele. Quilos e quilos de merda, toneladas, enquanto gritavam: seu filho de uma mula manca.

Acordou com uma azia imensa, e cheio de gases, eram tantos gases que pensou em reinventar o zeppelin.
Amaldiçoou a Intervenção, dizendo que era coisa de comunistas fabianos, e o que o irritou mais no sonho não foi a merda, ele já estava acostumado , era a sua essencia, mas chamarem sua pobre mãezinha, vítima de atropelo aéreo urbano,  de mula manca foi o que mais o incomodou.

Foi pra casa mas não conseguia dormir  só depois que pegou sua 45 desceu na portaria do prédio e disparou 6 tiros na cara do porteiro Waldir aos berros de : Morre nordestino filho da puta, todo nordestino vota em Lula. Morre comunista mossoroense. O rapaz nem era de Mossoró, era de Currais Novos, mas isso não vem ao caso, já que para ele todo nordestino era sempre culpado.

Ele passara a ter este conceito desde que quando ainda soldado, tirando serviço na madrugada em Curitiba,no meio da bruma excitante,  viu-se atraído sexualmente por Rosenildo Araújo, também conhecido como Sariguê, o Gambá,  do Sertão,  nordestino de Sobral, eleitor de Ciro Gomes  e  gay assumido. Rosenildo, um metro e 62 , calvo, peito cabeludo, pernas arqueadas, com um leve odor de bode no cio, ocupou de imediato o lugar da sua paixão por raviolis frios. Paixão na hora. Mas Rosenildo Sariguê era volúvel   e após o ato o abandonou trocando-o pelo pastor alemão Marco Feliniano.  

O Dr. Luiz Effelberg Alfredo, psicanalista da linha Central- Santa Cruz   explicou o sucedido: paixão recolhida que na andropausa transformou-se em homofobia,  e  o tornara também nordestefóbico com a paranoia focada na erva santa de Joazeiro. Quem sabe o Santo Daime... disse ainda o psicanalista antes de levar uma azeitona no meio da testa.

Mas nada adiantou para melhorar o dia de Adolfinho. Continuava de péssimo humor, resmungando nomes estranhos  de mulheres à revelia: Jandira,  Manuela, Gleisi,  Olga Benario,  foi quando numa esquina encontrou sua vizinha Maria Bispo do Rosário, aí ele aliviou sua raiva: Só não te estupro porque você é muito feia!

E saiu correndo gargalhando histérico  pelas ruas até o consultório do seu médico, o Dr. Calighari, que havia sido médico de Mussolini, Hitler,  e do General Eisenhower, e agora responsável pelo desentupimento do pinto   do Vampiro da Tuiuti.

O Dr Calighari deu-lhe umas pílulas de vida do Dr Ross para acalmar seus nervos e seus intestinos que exalavam os resultados de 12 pratos de raviólis frios.
O Dr disse-lhe enquanto cortava diligente a unha do dedão do pé esquerdo:
- Já vi muitos exércitos, muitas manobras militares, não se aborreça com isso não, deixa isso pra lá. Isso é só uma gambiarra, vai dar em nada. Lembre-se dos Dardanellos.
Adolfo pensava que dardanellos era um tipo de chocolate recheado.

- Desiste desse negócio de ser Salvador da Pátria e parta em busca da sua felicidade , do seu eu interior.
Vale dizer que Calighari depois de tentar ser condutor do metrô de São Paulo tornara-se  discípulo de Prem Baba.
- Alegria! Parta agora mesmo numa van da linha Moema Vale das Pedrinhas, diga ao condutor a senha: Miriam Makeba, se nõ colar tente a senha Jean Willys,   e vá em busca de sua grande paixão: Rosenildo Araujo, o sariguê do sertão.

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