O ator Mário Lago, exemplo de generosidade
Outro dia pensei sobre a generosidade, e continuei então a meditar sobre o assunto. Daí, hoje a reflexão sobre a generosidade repousou o olhar sobre nós, os atores. N verdade, não só os atores, mas todos os ambientes de trabalho.
A profissão de ator é generosa por essência. Os atores são generosos pela natureza do nosso próprio trabalho: consolamos por alguns momentos os espectadores quer levando-os a refletir e identificarem-se com as histórias que representamos, quer divertindo-as e fazendo-as esquecer por um tempo as dores do Mundo.
A profissão é generosa, e se a maioria dos colegas escolhe esta profissão o faz porque neles já está intrínseca a generosidade. Mas, como em qualquer trabalho, alguns colegas nem sempre são generosos. Creio que sem generosidade ninguém, em qualquer profissão, e na vida, chega a lugar algum. Pode até por um tempo deter o Poder, mas um simples soprar do vento o esfumaça.
Há várias formas do colega ser egoísta e pouco generoso em cena. Uma delas é representando cada vez mais ao fundo do palco, o que obriga o seu interlocutor a virar-se de costas para o público para dialogar com ele. É um truque velho, de vedetes antigas, mas que usam até hoje. Outros dão o tom errado – mais baixo, mais alto... - nas falas em resposta, o que obriga o outro a malabarismos de harmonia para acertar a melodia e o andamento do texto. Há ainda aqueles que sequer olham em teus olhos quando dialogam contigo, justo quando sabem que a arte de representar é um jogo de olho no olho do colega. Há sim, os que fazem isso, e muito mais. Usam de mil artimanhas, incapazes de doar ao colega o apoio tão necessário em cena. São poucos, mas os há. Creio que como em todas as profissões.
Mas são perdedores, porque afundam-se na solidão do seu ego e da sua mesquinhez, desconhecem o prazer do amor que a generosidade traz consigo.
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