No auge da luta contra a Ditadura ouvi de uma dirigente que “o companheiro precisa decidir se quer o teatro ou o Partido.”
Como se política e arte fossem incompatíveis.
Como se um cidadão, profissional de qualquer área, não tivesse o direito de pronunciar-se politicamente, e vice-versa.
Sendo uma frase proferida por quem em tese seria de esquerda , tem o mesmo teor de quem a profere pela direita quando diz “Esse cara é humorista, não tem nada que ficar fazendo análises políticas”.
Para o pensamento cartesiano, formal, não dialético, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Não podem nunca ser as mesmas coisas diversas e iguais ao mesmo tempo sem nem sequer ser coisa alguma em lugar nenhum.
É um pensamento anterior à física quântica e ao raciocínio digital.
Claro que a democracia nos permite cuidar da vida privada, cada qual no seu redondo.Diferente da polivalência a que nos submetíamos durante a repressão.
Mas não deve chegar ao ponto da alienação, do egoísmo, do “f....-se o mundo porque eu quero é me arrumar.”
Para este tipo de pensamento tudo que um médico deve fazer é ganhar dinheiro e ficar rico com sua profissão. O social e o político não devem passar pelo exercício da profissão.
Alguns stand-ups moderninhhos também agem e pensam assim.
Claro, não precisa pensar políticamente,nem analisar nada, afinal o médico e o stand up alienadinhos já fazem parte da classe dominante, agora é só correr pro abraço.
Goste ou não o raciocínio destes críticos da ação social e política temos todos o direito, e até a obrigação de analisarmos o mundo em que vivemos e que mundo queremos deixar para as futuras gerações.
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