29 março 2014

O Golpe II - Mortos Sem Sepultura


                                  Delegado Sérgio Fleury ícone da bestialidade da Ditadura

Quando vejo o trabalho das Comissões da verdade...quando leio nos jornais e livros os nomes dos torturadores; a localização onde foram torturados e assassinados patriotas que se opunham à Ditadura...quando vejo as fotos dos que sofreram perseguição, sofrimentos e mortes com o regime instaurado em 1964, sou remetido à comparação do nível de denúncias  entre a Ditadura de Getúlio e a dos Generais a serviço dos EEUU.

 Não me recordo de na minha juventude - menos de vinte anos após o fim da Ditadura de Getúlio- de ver nomeados os agentes públicos que torturaram, prenderam e assassinaram os patriotas de então.

Não fora a obra de Jorge Amado - "Subterrâneos da Liberdade" - sequer o nome do nefando Felinto Muller, Chefe de polícia de Getúlio ficaria para o opróbrio da História.

Talvez porque em 1950 Getúlio tenha voltado á cena como candidato num conchavão com apoio  inclusive dos comunistas foi poupada  a apuração dos seus crimes contra a democracia. Talvez  a baixa cidadania de então levava tudo de roldão num tsunami de hipocrisia e de ocultação da verdade.

Mas hoje o Mundo é outro. Hoje, passados cinquenta anos da instalação do mais feroz e selvagem sistema de repressão aos cidadãos desta Nação, as vozes da denúncia não se calam.

Os fatos continuam falando por si através das Comissões, dos livros, dos relatórios, enfim de todo os que tenham voz para nomear um por um os assassinos, os torturadores e as suas vítimas.

Esta é um história que ainda está se escrevendo, mas que desta vez não será de apenas uma linha ,ou de apenas um nome  - Felinto Muller.
Para os que achavam que passariam impunes diante da História lesando a Pátria a serviço de interesses norte americanos, num Golpe planejado pela CIA e financiado pelos EEUU...para os golpistas que pensaram que depois tudo se arranjaria e o tempo apagaria os crimes que cometeram, enganaram-se pois  estão sendo julgados pela História através de  dezenas de livros, de filmes, de gravações, e de  milhares de documentos jurídicos e de depoimentos.

O Brasil e de hoje clama que estes crimes não sejam esquecidos e nunca mais se repitam.

Qua as vozes golpistas se calem diante do horror que no passado já semearam.

Que a Verdade continue a ser espalhada pelo vento aos quatro cantos do País, sob pena de revivermos o romance de Érico Veríssimo "Incidente em Antares".

Porque se não passarmos e repassarmos o passado ate que ele passe corremos o risco  dos patriotas brasileiros assassinados venham a vagar pelas ruas , praças e avenidas  do Brasil, postando-se às portas das repartições militares e policiais para que se cumpra a Palavra de Mateus : "Não há nada oculto que não venha a ser revelado; nem, secreto que não venha a ser conhecido."






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