Parte num
momento simbólico, como se sua partida significasse o fim de um ciclo no humor
brasileiro , e o início de outro.
Ele, que se
recusava a qualquer palavrão e grosseria nas suas apresentações, parte no
momento “grandioso” do humor de insulto.
Zé foi o
primeiro comediante brasileiro a trazer o americanismo para o nosso humor latino. O
primeiro standup . Em 1949.
Apresentou-se de smoking, sozinho em cena, para o seleto e
moderno público paulista.
Não que
antes dele não houvesse humor solo. Havia sim, nos esquetes do Teatro de Revista,
e até mais além: nas apresentações do Palhaço Benjamin, no Pavilhão do Campo de
Santana, no Rio, no início do século XX.
Mas era um
humor latino. Muito mais clowns que stand ups.Muito mais Commedia d’Lart que
Seinfeld.
Até que o Zé
fez o milagre: abriu as portas para os profissionais que iriam encantar a
classe média paulistana e por tabela a do Brasil.
O curioso é
que neste País antropofágico o humor americanizado do Zé acabou sendo
transformado, e ele próprio. E o Zé teve que ceder – não aos palavrões e aos
insultos pessoais – mas ao humor nacional, latino de origem, criando tipos
inesquecíveis como se fazia no Teatro de Revista, modernizado nos programas de
humor da TV.
Aos
despedir-me do Zé, penso nestes moços de hoje, que por sua juventude acham que
descobriram a pólvora e um novo humor. Nada mais enganoso. Porém é importante
que ousem, que tentem , que expressem o pensamento de parte dos espectadores paulistas. O Brasil e seu povo saberá digeri-los e eles serão
precursores de uma renovação para o humor do Brasil.
Como toda revolução
ela devorará seus líderes. Duvido que gozarão da hegemonia de serem os líderes revolucionários quando a nacionalidade impuser sua régua e compasso, como já acontece
agora, com o que alguns ingênuos chamam de censura, e que eu chamo de correção
de rumo.
Obrigado Zé,
para você os nossos mais efusivos aplausos, grande Mestre.
Mais HUMOR menos sacanagem! não consigo me lembrar de outra frase melhor para definir a simplicidade que esse cara transmitia alegria... Os anjos devem estar dando boas gargalhadas!!!!
ResponderExcluirTerei saudades. Eu adorava o jeito engraçado dele quando criança. Aqueles óculos grossos faziam com que ele tivesse sempre expressão de um alucinado de terno e gravata, histriônico, rss. Era engraçado. Às vezes ele parecia vindo de algum cinema yankee.
ResponderExcluirAcho que o Brasil e o SP perderam alguém querido que fazia humor para muitos. E sem apelar.
E autoridades de SP à época preferiram investir na barbárie materializada chamada "minhocão", do que na "Vasconcelândia", seu grande sonho (e olhem que ele já tinha terreno de mais de 1000m2 em Guarulhos, segundo a imprensa!).
Pelo visto, essas "autoridades" preferiam ir para a famigerada mouse-lândia nos eeuu...
Hiro