Guardei afolha como lembrança de um momento único
Estava eu posto em sossego observando a Natureza num dos parques florestais do Rio. Sentado em silêncio vi o cair de uma folha. A Natureza depositou-a suavemente sobre a terra à minha frente. Pouco depois uma manga caiu pesadamente ao solo, esborrachada, aberta, sangrando seu sumo.
E eu estava justamente pensando por que as pessoas boas muitas vezes morrem cedo, de modo abrupto, ou mesmo quando maduras, com muito sofrimento, enquanto gente muito má vive o tempo além do tempo e morre suavemente como a folha que caiu aos meus pés.
É sempre uma pergunta que o povo faz quando morre alguém bom: - Por que este homem bom morreu assim, enquanto aquele malvado continua vivo e feliz?
É a árvore da vida, percebi… há pessoas que não são frutos. São como folhas estéreis, que se despregam leves e suaves da árvore. Há outras que são generosas, como um fruto suculento. Quando maduras, ou atingidas por um imprevisto como uma tempestade, desabam dolorosamente sobre a terra. Mas mesmo assim, por sua generosidade, levam consigo a semente que uma vez na terra gerará mais e mais vida, mais e mais frutos.
Divagação que tive que interromper. Começou a chover. A bendita água caindo generosamente sobre tudo e todos: folhas e frutos, inclusive sobre mim, que enquanto me abrigo da chuva penso se vou ficar ou não pra semente.
Belíssima reflexão. Obrigado!
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