Há 50 anos, na então pacata Ilha do Governador - estava eu com 16 anos - parado num ponto de ônibus no Largo da Freguesia. Eram 8horas da noite. Tempo chuvoso.
Na praça um grupo de jovens mais velhos, na faixa dos 25 anos, moradores da Ilha conversavam. Até que chegou um rapaz, discretamente vestido, de guarda chuva...via-se que não era morador da Ilha.
Foi aí que um dos jovens do grupo destacou-se... ficou por ali remanchando sedutor... até que o rapaz de guarda chuva aproximou-se dele e entabulou uma conversa. Era um homossexual .
Foi a senha para que o grupo fizesse um círculo em torno do rapaz e começasse a espancá-lo e rasgar suas roupas, até deixa-lo ali, de joelhos, aos gritos e pranto, completamente nu.
O rapaz transtornado, violentado, fugiu, correndo pelos trilhos do bonde, até sumir numa curva como uma cena chapliniana, só que em lugar de comédia tínhamos ali uma quase tragédia.
Na rua ainda molhada pela chuva os cafajestes sambavam com as sobras do guarda chuva quebrado.
(A contar da idade deles e pelo tempo passado espero que já estejam dançando no Inferno!)
No ponto de ônibus as pessoas não fizeram nada. Na Praça ninguém se mexeu...eu fiquei impotente...todos omissos e paralisados pelo terror daquela juventude violenta e homofóbica.
Nunca me esquecerei desta cena humilhante e violenta, ali à vista de todos na pacata e familiar Ilha do Governador.
Estamos mais velhos e mais experientes,caríssimo Bemvindo. Além disso, pouca coisa mudou...
ResponderExcluirVivemos hoje quase o oposto.
ResponderExcluirSer heterossexual é quase anormal.
Lamentável, sim, a cena horrenda ocorrida há 50 anos.
Lamentável, também, a situação atual, com pessoas se dizendo defensoras dos gueis e querendo fazer deles deuses, quando são apenas seres humanos.
Respeito é bom, e todo mundo gosta. Mas respeito é suficiente, sempre foi...
E tenho dito!
E quantos deles tiveram um filho,ou neto homossexual?Alías,quantos não deveriam ser também?
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