Há exatos 104 anos atrás - nesta data - em 1911 uma mulher foi vaiada, molestada, agredida e quase despida pelo povo por sair à rua no Rio de Janeiro usando jupe culotte, uma saia calça que se ajustava ao corpo.
Mais de um século depois assisto a um panelaço de protesto contra uma mulher que está na Presidência do País.
O protesto é uma forma democrática de que se pode fazer uso em regimes também democráticos como o nosso. Mas ao ouvir os gritos de “vaca”, “vagabunda”, “piranha”, ”prostituta”, usados contra ela das janelas e sacadas dos bairros nobres de São Paulo e mais algumas cidades sou imediatamente remetido além da questão política,sou remetido à manifestação do machismo que permanece presente.
E o agravante: o fato deu-se no Dia Internacional das Mulheres, e mais agravante ainda: mulheres gritavam estas palavras contra uma mulher. A ideologia machista não estava apenas nos homens, espraiava-se e mostrava-se nas próprias mulheres. Que se fizesse a crítica política, as palavras certas de protesto, mas palavras de baixo calão contra uma figura feminina representaram m ais uma vez a necessidade de conscientização do quanto o machismo está entranhado na nossa sociedade.
A agressão machista ocorrida em 1911 ainda está viva e se repete todos os dias, a toda hora contra as mulheres, muitas vezes pelas próprias mulheres.
Quando terminava de escrever esta página recebo a notícia de que faleceu o adolescente fiulho de um casal homossexual, vítima de violência física, por homofobia, machismo e intolerância.
Triste, muito triste.
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