Um dos trabalhos destinados à juventude do Partido na luta contra a Ditadura era o de pixar os muros da cidade com as palavras de ordem do momento, fossem elas:
Abaixo a Ditadura; Fora Gorilas; Fora FMI; Viva o PCB , ou do B; Ianques Go Home, por aí seguiam.
Mas desde a luta contra a Ditadura Vargas as pixações haviam evoluído: já não se usava mais o pixe, que era viscoso, tinha que estar quente, e sujava tudo em volta: as mãos, as roupas, tudo. E se detidos uma destas ações a sujeira era uma prova concreta de que o sujeito estava mesmo atentando “contra a Segurança Nacional”.
Agora , em 1964, - o aerosol ainda era raro e caro - já não se usava mais o pixe, e sim os bastões feitos de parafina e pó de sapateiro.
A fórmula era simples e prática: comprava-se parafina em loja de ferragens, e pó de sapateiro, preto. Claro que cada coisa , em pequenas porções, em diversos lugares, para não despertar os dedo-duros e a repressão.
Depois, dissolvia-se a parafina numa panela ou balde e o pó juntos. Misturados davam um líquido escuro e denso. Então despejava-se em tubos de papel cilíndricos , enrolados previamente e enterrados até quase á boca na terra para dar firmeza ao papel. Dez, vinte,trinta tubos enterrados num quintal de casa. Aí era só aguardar que esfriassem, e pronto: estavam ali “poderosas armas” contra a Ditadura.
Era uma festa para a juventude preparar estes bastões e sair para “pixar”.
Reuníamos desde cedo na casa de algum companheiro e em conversas animadas, muitas vezes regadas a cervejas ou Drinque Dreher, e lá pelas 4h da manhã, alegres e com aquele ar de “eu tenho mais razões para ser preso que você”, dávamos por encerrada a jornada daquele dia, após haver “desvirginados” alvos muros pela cidade.
Após a tarefa a sensação era: “Agora é só esperar a Ditadura cair, diante destas palavras de ordem” rsrsrs.
Quão diferentes eram das pichações de hoje em dia.......para melhor evidentemente...
ResponderExcluirOs ditadores da "ditabranda" eram lacaios dos americanos.
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