13 agosto 2012

Os Pernas de Pau


Vou levar a vida sem entender como perdemos a medalha de ouro no vôlei masculino. Bastava um ponto para fechar o terceiro set, e aí perdemos tres sets. Uma das grandes frustrações desta Olimpíada. Aliás as equipes masculinas decepcionaram: o futebol tinha tudo para trazer um ouro...e deu no que deu...ou melhor, não deu.
perna Ói eu aqui traveiz   Raio Lazer 13/08
* Há décadas o Brasil vai ás Olimpíadas e o resultado é sempre pífio: tres a quatro medalhas de ouro.Algo está muito errado na formação esportoiva nossa. E continua errado. Não teve modernidade de governo que desse jeito nisto.
* Foi legal, mas fora os truques de luz e as músicas pops não vi nada que me entusiamasse ao fim das Olimpíadas de Londres.
* Emocionei-me sim ao ver a citação do Rio, sobretudo vendo o nosso gari do sambódromo em Londres.Vendo Pelé, e o Brasil no Estádio Olímpico. E de saber que agora é com a gente.
gari Ói eu aqui traveiz   Raio Lazer 13/08
* Minha geração é privilegiada pois sabemos a diferença qe a revolução teconológica nos trouxe. A garotada de hoje não faz idéia do avanço que é sentar-se na poltrona da sala, e a cores, em LCD, assistir tudo isso em tempo real, com detalhes. Como o amor, saborear a revolução tecnológica "é privilégio de maduros".
impressão Ói eu aqui traveiz   Raio Lazer 13/08
Coisas que antes , há apenas algumas décadas, ouvíamos apenas pelo rádio e víamos nas fotos das revistas semanais. Enquanto os jornais do dia traziam apenas fotos enviadas por telex.

telex Ói eu aqui traveiz   Raio Lazer 13/08
Apresentando um telex ás novas gerações. rsrsrs

* As estadunidenses reclamaram que as meninas do volei exageraram na comemoração da vitória. É o direito do choro.
* Estes dias, acometido de estafa de trabaho, deixei de postar meu bllog. Mas agora, já bem recuperado volto a faze-lo. Agradeço a todos que me seguem, e de público quero agradecer o carinho da produção de Máscaras, e dos colegas. Em especial Paloma Duarte, Giusepe Oristânio e Heitor Martinez.
*Nota 10 do Face Book
marte Ói eu aqui traveiz   Raio Lazer 13/08

30 junho 2012

Um Dia de Trabalho na TV




O carro da emissora me apanha em casa pela manhã. Tenho direito a carro pois sou "idoso". Idoso quer dizer: ido nos anos. Por favor: sem trocadilhos rsrsrsrs
Na pouco mais de uma hora que levo para chegar na TV vou pelo caminho repassando o texto, abrindo o netbook, telefonando, pondo coisas em dia e conversando alegremente com o motorista que me conduz.
Afinal: Vargem Grande. Recnov!
Vou ao camarim, onde já encontro meu grande amigo Giuseppe Oristânio. Ele é sempre o primeiro a chegar. Mais que pontual.Bem humorado, solidário e talentoso, faz gosto trabalhar com ele. E ele está um primor como Pulga ,seu personagem na novela.
O camareiro do dia ajuda-me com o figurino e saio para a maquiagem.
Raspar a cabeça, reforçar bigode e sobrancelhas e buscar aquele ar de "assassino cruel" rsrsrs.
Mas nisto já encontrei Raul Gazolla, Petrônio Gontijo, Marcelo Escorel, Heitor Martinez... seguindo para outro estúdio. Outras feras da arte de representar. Exuberantes, generosos, bem humorados, amigos também.
Aliás, graças a Deus só encontro gente legal pela frente. E por trás também (rsrsrs) é o caso do "monumental" Carlos Bonow, que eu sacaneio muito. Ele e Fernando Pavão formam a dupla de "bonitinhos" do nosso grupo. O que me mata de inveja porque são "bonitinhos" enquanto eu...porém se não sou bonitinho , sou mais novo que Jonas Bloch, este sim, idoso. rsrsrsrs Esta é uma das brincadeiras que fazemos um com o outro, Jonas e eu: um sempre defende o outro alegando que o outro é idoso. rsrsrsrs
E afinal chega a Rainha Eliza. Paloma Duarte, sempre solidária, sempre bem humorada, um brilho só.
Esta "quadrilha" entra no estúdio para gravar.
Lá dentro já está toda a equipe técnica. Dezenas de companheiros que trabalham para que vocês nos vejam cada vez melhor.
É grande a integração dos atores com os técnicos. Não pode ser de outra maneira: o trabalho é coletivo. A produção em larga escala nos torna a todos: trabalhadores da produção de conteúdo.
O clima é de confraternização, solidariedade, carinho e profissionalismo.
Muito bom humor, porque nenhum, de nós deixa a peteca cair e nenhum está a fim de permitir-se o mais leve amargor ou ranço de baixo astral.
E aí, trabalhamos muito, e brincamos muito enquanto trabalhamos, porque afinal para representar é preciso tornar-se criança , descartar o ego e o super ego e deixar o inconsciente, que é só prazer, atuar por nós.
Almoço já foi , e depois, mais tarde , por volta das 17h, numa folga de gravação: o lanche. Hora das paçoquinhas e quejandos. Hora em que este diabético é tentado ao extremo com os quitutes que Dona Rita nos serve. Almoço e lanche são as horas em que confraternizamos com os colegas e amigos das outras produções da Record.
A noite cai, e já trocamos de roupa diversas vezes, já nos maquiamos diversas vezes, já "matamos" mais de uma dezena de cenas,e o espírito coletivo e bem humorado fala mais alto. A todo momento um desperta no outro o orgulho da profissão, o prazer da atuação, a chama da criação.
Às 21h acabamos a jornada (quando se trata de uma jornada normal, sem externas, etc. tem seu término às 21h).
A sensação do dever cumprido, a despedida diária entre os colegas todos, do rapaz do cafezinho ao camera, da maquiadora ao vigilante.
E o carro da emissora me traz de volta ao lar. Volto cochilando embalado pela atenciosidade do motorista que também está terminando sua jornada.
Que Deus nos abençoe e sempre nos dê forças para cumprirmos a nossa missão.
Assim o trabalho nos trabalha, tornando-nos seres humanos sempre melhores a cada dia, ganhando o pão nosso com alegria e altivez.

30 abril 2012

EXISTE HUMANIDADE NO TORTURADOR?



Afinal meu personagem entrou no ar na quarta feira passada e prosseguiu ontem.
Agora vai, como "la nave va".
Diariamente estará na trama.

Mas a questão principal que se coloca para mim é se este meu personagem - Novais - possui humanidade.

Ex-agente dO DOPS (Departamento de Ordem Polítca e Social) durante a ditadura, homicida, torturador, vendilhão da pátria, corrupto, servil e cruel, frio nos crimes que comete e bem humorado por sua alta dose de formação e inteligência, Novais pode-se nominar Humano?

E a resposta é sim.

Muitas barbaridaes ele cometerá durante a trama.
Mas quantas barbaridades cometeu e comete a raça humana? Das cavernas às Cruzadas, da Inquisição á guerra da Bósnia? Da África dos ditadores canibais à guerra do Vietnam? Do Holocausto à Palestina? Das Ditaduras latino americanas ao massacre de Realengo? Do Iraque ao Afeganistão? Pois é, ainda assim somos todos humanos, bestas feras ou não. Mais bestas, ou menos bestas animalescas, somos todos "humanos".

Assim é e será Novais.

Difícil de compor, difícil de entender a representação deste ser humano que na Novela está a serviço de quem paga mais, do capital.

Novais é humano, mas suas ações são anti-humanas.

Neste fio da navalha pretendo levar minha interpretação, com auxílio da Direção e da Autoria, dos colegas e da minha intuição.

O julgamento vem do público espectador. Vocês que nos leem e assistem a Máscaras são nossos juizes.

Sobre Novais posso dizer a vocês repetindo Bertoldt Brecht, o dramaturgo marxista, alemão: "Quando chegar o tempo de ser o homem um parceiro para o homem, pensai em nós com simpatia".

No caso do Novais pode haver simpatia para com torturadores, asssassinos e servidores de ditaduras e vendilhões da Pátria?

Novais encabeçaria fácil a lista de horrores a serem apurados pela Comissão da Verdade.

Novais é a antítese de tudo contra o que lutei em toda a  minha vida. Por isto posso dizer que o conheço muito bem, e fico feliz de poder repassar o passado através do presente de Novais.

twitter @bemvindo_ator

27 abril 2012

Política: uma cachoeira ou um lodaçal?



Para falar da Política tomemos por base a Medicina.

A Medicina é uma verdade.Uma benfeitoria e uma necessidade para a humanidade.

O fato de existirem maus médicos - e não são poucos - não nos leva a dizer que a Medicina é uma porcaria, uma excrecência que deveria deixar de exisitir.

A mesma coisa se dá com a Política.

Nestes tempos de corrupções sendo denunciadas, num espectro que vai do DEM ao PT , passando pelo PSDB, PPS, PMDB... não quer isto dizer que a nobre arte da Política não preste. A Política é um fazer humano; ela é a base da vida em sociedade.

O fato de muitos políticos não prestarem não deve nos levar a dizer que a política não presta, que é coisa ruim.
Quem não presta - coisa ruim, são os que lesam o povo, embora eleitos pelo povo.

Os partidos polítcos são necessários. Embora muitos dos que estão dentro deles, representantes populares, não mereçam estar lá, mas sim na cadeia.

Agora mesmo estamos assistindo a uma verdadeira saia justa para a governabilidade, onde uma CPI sobre o bicheiro Cachoeira tem que ser feita de tal forma que não exponha a podridão dos próprios que apuram os mal feitos do contraventor e de outros poíticos. Todos de rabo preso.

Que situação terrível, vexatória para as instituições; que desmoralizante para os poderes nacionais.

Mas nem por isto o Congresso Nacional deva ser fechado, ou a Presidência deposta; nem por isto os partidos politicos devam ser execrados; nem por isto a Política deva deixar de ser praticada por todos nós.

Nas mãos de marginais, de bandidos, de lesa-pátrias, torna-se abrigo para degenerados.

Mas feita com ética, com dignidade e lisura é uma bela e nobre ciência, como a Medicina.

Justiça seja feita, para a Política, mas sobretudo para os maus políticos.

22 abril 2012

REPASSAR O PASSADO PARA QUE O PASSADO PASSE



O passado só se torna passado quando podemos repassá-lo na memória, e conhecedores de todos os fatos relativos a ele podemos aprender com ele, despedirmo-nos dele, e seguir para o futuro.
Este é o objetivo da Comissão da Verdade, criada para conhecer os crimes cometidos por agentes do Estado durante a Ditadura Militar.
Repassar o passado, sabermos extamente o que aconteceu neste País nos anos que antecederam o Golpe Militar de 64 e nos anos de chumbo quando setores fascistas e antipatriotas das FFAA (Forças Armadas) brasileiras impuseram à Nação o terror e a cizânia.
Assassinatos, sequestros, torturas, perseguições, imjustiças foram cometidas por auroridades delegadas do Estado Brasileiro e até hoje não foram esclarecidas. Não vieram á luz.
A morte da estilista Zuzu Angel , por exemplo, foi considerado assassinato político pelo governo brasileiro, mas até hoje não se esclareceu quem ordenou, como foi feito, quem participou, etc. etc.
Não posso abrir mão do passado se não souber o que se passou.
O passado tenebroso que estes setores militares impuseram ao País, longe de ser motivo de festejos como alguns provocadores coroneis reformados tentaram fazer no dia 31 de março último, é mais que nunca um pesadelo do qual precisamos acordar , repassá-lo , conhecer os fantasmas que se esconderam nas sombras , traze-los à luz para vivermos em paz.
Como o caso de Zuzu são centenas de mortos, de desaparecidos políticos; milhares de presos e torturados; milhões castrados pela censura, pela repressão e pelo cerceamento das informações.
Saber como isto se deu e quem foram os mandantes, quem foram os executantes, em que circunstâncias tais atos se deram é a única forma das FFAA tirarem de sobre si esta mancha desonrosa que enodoa nossas briosas instituições militares.
É a única forma de perdoar e nos perdoarmos.
É a única forma de ir para o futuro sem as suspeitas criminosas do passado.
A Lei de Anistia que conseguimos quase ao final da Ditadura foi a Lei que era possível á época dada a correlação de forças. Política é a arte do possível. Por esta Lei os torturadores, os assassinos, os agentes do Estado que agiram desta forma arbitrária e criminosa não podem ser punidos.
Mas não se trata neste momento de rasgar a Lei. Trata-se de saber o que foi o nosso passado e quem são esses demônios que até hoje assombram os nossos mortos e desafiam os vivos.
Não se trata de fazer Mal a eles, pois o Mal já está neles.
Este é a pior punição que podem sofrer: carregar a desonra e a maldade em si,na sua memória, na memória e na história dos seus familitres e de seus companheiros de perversão.
Isto eles já carregam.Mesmo que não conheçamos seus nomes e seus rostos.
"A perversidade deles os destruirá", como já vem destruindo suas gerações.
Mas também para eles a Comissão da Verdade pode ser uma libertação.
Pois creio que cativos que são das próprias algemas que usaram para torturar e matar, mesmo para eles creio que vale a palavra:
"Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará."
É o mínimo que podemos pedir e esperar da Comissão da Verdade: que ela venha nos libertar deste passado vergonhoso e trágico que se abateu sobre o Brasil em décadas de Ditadura.
Repassar o passado para que o passado passe.


23 janeiro 2012

RECADO RÁPIDO A QUEM COMENTA NO MEU BLOG

Uma pessoa me repreendeu porque não publiquei seu comentário. Perguntou se eu só aceito bajuladores. Não se trata disto.Não publico comentários anônimos. Se vc que me mandou este recado mais uma vez  como "Anônimo"  preencher o seu e mail e nome eu publico. Ok? Abraços

20 janeiro 2012

A LAÍS JÁ PODE CASAR


A PROVOCAÇÃO BABACA

Estes dias, como todo brasileiro, postei, comentei sobre o acontecido no BBB12, e procurando sempre  melhorar a discussão: não se trata tanto de discutir se houve estupro ou não; se estavam bêbados ou não.

Tivemos até constrangimentos nacionais tendo que ler, e ver na mídia o depoimento do rapaz dizendo que não houve nada porque o bilau dele não subiu.

Triste País que discute se o pau de uma emergente subcelebridade subiu ou não.

A discussão básica deveria e deve se dar na questão da qualidade ética e estética, moral e de utilidade pública que tem este programa.

Incentivo a bebedeiras, apologia do álcool, incentivo à sexualidade  e à promiscuidade, apologia narcísica do corpo para consumo como objeto...estas são as questões que deveriam estar no foco da discussão.

É claro que juntadas às questões de racismo, abuso sexual etc. etc. Mas discutir a própria essência da nossa sociedade do "entretenimento" que na busca desesperada pelo IBOPE usa de qualquer artifício, usando concessão pública para invadir nossas mentes e lares, transformando a Nação em valhacouto da licenciosidade.

Discutir o possível estupro, ou racismo é desviar  o foco da discussão maior: que mídia merecemos?
E no meio disso tudo me aparecem uns babacas pra me dizer que a Record fez maior mal ao País falando nisso o dia inteiro, divulgando a notícia do estupro etc. etc. . É uma inversão que só pode partir da cabeça de quem há 40 anos é manipulado por uma mídia alienada e alienante. O transgressor é inocentado e quem divulga a transgressão é culpado?

Os dois ou três babacas que tentaram me provocar a partir disto tomaram bloqueio na hora, tolerância não significa que tenha que concordar ou acoitar este tipo de gente.

Tudo que postei fiz como cidadão indignado,de há muito com este tipo de apelação. Em momento algum mencionei a rede Record ou qualquer outro meio de comunicação. Fiz pelo meu direito cidadão de protestar, opinar, independente de quem mais esteja no barco.

Minha individualidade e liberdade de pensamento é assegurada pela Constituição.

Destino de babaca nos dias de hoje no Brasil é o Canadá.

Menos a Luisa, que já sacou isso e já voltou. (risos)

08 janeiro 2012

ÚLTIMA SOBREVIVENTE DA CELA 4



Morreu, aos 102 anos, Beatriz Bandeira, a última sobrevivente da famosa cela 4 – onde foram presas, na Casa de Detenção, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, as poucas mulheres que participaram da revolta comunista de 1935 no Brasil.
Foi na cela 4 que ficaram confinadas Olga Benário (esposa do líder da intentona, Luiz Carlos Prestes), a futura psicanalista Nise da Silveira, a advogada Maria Werneck de Castro e as jornalistas Eneida de Moraes e Eugênia Álvaro Moreyra.
Por conta dessa passagem, Beatriz virou personagem de livros como “Memórias do Cárcere”, o relato biográfico de Graciliano Ramos, que também esteve preso por causa da revolta.
Pouco antes, como militante comunista e da Aliança Nacional Libertadora (ANL), Beatriz conheceu seu marido, Raul Riff, ser jornalista, que viria a ser secretário de Imprensa do governo João Goulart (1961-1964). Com ele se casou três vezes.
Os dois foram exilados duas vezes. Em 1936, depois da libertação, foram expulsos para o Uruguai. Em 1964, após o golpe militar, receberam abrigo na Iugoslávia e, posteriormente, na França.
Ao regressar ao Brasil, Beatriz continuou a militância política nos anos 70 e 80. Foi uma das fundadoras do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas, que lutou pelo fim da ditadura no País.
Beatriz nasceu em uma família positivista. Seu pai, o coronel do exército Alípio Bandeira, foi abolicionista. Militar, trabalhou no Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e ajudou o Marechal Cândido Rondon na instalação de linhas telegráficas no interior do País e no contato com tribos isoladas – Alípio liderou o encontro com os Waimiri Atroari em 1911, por exemplo.
Além de militante política, Beatriz foi poeta (publicou “Roteiro” e “Profissão de Fé”) e professora (foi demitida pelo regime militar da cadeira de Técnica Vocal do Conservatório Nacional de Teatro). Também escreveu crônicas e colaborou para o jornal A Manhã e as revistas Leitura e Momento Feminino. Há dez anos ela contou um pouco de sua história em uma entrevista à TV Câmara.
Beatriz morreu na noite de segunda (dia 2) após um AVC. Foi enterrada no final da tarde de hoje (dia 3) no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Uma nota pessoal
Beatriz Bandeira Ryff era minha avó. Nos últimos anos de sua vida centenária a senilidade tinha lhe tirado totalmente a visão. Ela quase não falava e mal se comunicava com o mundo.
Há uns dez dias, fui visitá-la levado pelo meu filho de 8 anos que queria dar um beijo na “bisa”. Encontramos ela mais presente do que em todas as visitas nos anos anteriores. Chegou a cantarolar algumas músicas que costumava embalar o sono dos netos quando pequenos, como os hinos revolucionários “Internacional”, “A Marselhesa” (embora ela também cantasse obras não políticas, entre elas a “Berceuse”, de Brahms).
Ao me despedir, perguntei-lhe se lembrava o trecho do poema “Canção do Tamoio”, de Gonçalves Dias, que ela costumava recitar. Ela assentiu levemente com a cabeça e começou, puxando do fundo da memória. Foram suas últimas palavras para mim.
“Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos,
Só pode exaltar.”
(“Canção do Tamoio”, Gonçalves Dias)

25 dezembro 2011

BRUXOS DÃO PRESENTES A JESUS


“Reis Magos.”


Dito assim, "Reis Magos", neste quase eufemismo tucano, passa-se por cima de um significativo momento do advento de Jesus, o Cristo.

Reis Magos, ou sejam: Reis da Magia, Reis do Feitiço, Feiticeiros, Bruxos ou até Macumbeiros mesmo.
Vieram do Oriente, das mais esotéricas terras da época para renderem-se ao Poder do Menino.

Vieram testemunhar quão mais poderosa era aquela criança deitada na manjedoura.
Vieram. E trouxeram valiosos presentes, pois  - á fora  o ouro, valiosíssimo -  o  incenso e a mirra eram também de muito valor à época.

Não pensemos que um deles:  Balthazar, Belchior, ou Gaspar, ajoelhou-se e entregou á Sagrada Família uma correntinha de ouro de R$ 150,00 , dessas de leilão da TV.
Ninguém viaja em caravana pelo Oriente Médio para levar presentinhos.

Foi muito ouro, muita mirra e muito incenso depositados aos pés do Salvador.
O suficiente para financiar a fuga para o Egito... para financiar os primeiros anos  de reconstrução da vida do casal paterno.

Destes presentes ofertados nasce a tradição de presentearmos no Natal.
Repetimos o gesto que os Reis da Magia fizeram há dois mil anos.
Relembramos com isso a nossa reverência ao próximo a quem amamos e devemos amar, desde nossos familiares e amigos até os presentes dados em atos de caridade pública.

Relembrando portanto: o ato de dar presentes nasce de um ato de reverência, rendição, respeito e solidariedade de três-  ou mais-  não-cristãos. 
Os primeiros a reconhecer a divindade advinda e anunciada por uma estrela no céu.

Nasce destes mouros, afros...e não desta esdrúxula figura finlandesa, trazida da Lapônia,  Polo Norte, vestido de vermelho e branco do Salgueiro,  e patrocinada pela Coca- Cola.