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Bemvindo Sequeira
E, por incrível que pareça, o presidente fez uma lambança. Ele tirou o ministro terrivelmente evangélico Mendonça e o mandou para Advocacia Geral da União. Depois disso, Bolsonaro nomeou um delegado da polícia federal como Ministro da Justiça.
Veja bem, não é o chefe da polícia, mas apenas um delegado do Distrito Federal. Ou seja, o indicado não tem nem o topete e nem o tamanho para ser Ministro da Justiça do Brasil.
Atendendo ao centrão, mandou a deputada Flávia Arruda para Casa Civil, além de atender a outros desejos desta ala, como demitir o ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo. O presidente também atendeu aos pedidos dos filhos dele.
Além de todas essas mudanças, Bolsonaro se indispôs com as Forças Armadas demitindo o ministro da Defesa. Isso porque o ministro da Defesa se posicionou a favor do comandante do Exército.
Bolsonaro queria que o general Pujol, comandante do Exército, fosse o menino de recados dele nos festejos do golpe militar de 31 de março. Ele queria que Pujol emitisse notas, comandasse as festividades, organizasse toda a homenagem ao golpe militar de 64.
Porém, o general Pujol se recusou a isso. Segundo as fontes que temos, a informação é de que o general se recusou a isso considerando que o Exército é um órgão de Estado e não de governo.
Portanto, o órgão não obedece a ordens do Presidente da República para fazer festas e emitir notas. A função do Exército é se posicionar em defesa da soberania e do povo brasileiro, na defesa da Nação e da Constituição.
Como o general e ministro da Defesa se colocou ao lado do general Pujol, Bolsonaro o demitiu. A finalidade era permitir a demissão também de Pujol pelo presidente.
Por conta disso, os três ministros militares se reuniram ainda na noite de segunda para decidir se pediriam demissão conjunta. A cisão dentro das Forças Armadas no apoio a Bolsonaro tomou forma já com a nomeação de Braga Netto para o Ministério da Defesa.
Braga Netto, que é um general da confiança de Bolsonaro, braço direito dele, é nomeado como ministro da Defesa para renomear os comandantes militares.
A melhor coisa que os comandantes militares poderiam fazer realmente era pular fora. Assim, eles não seriam vergonhosamente demitidos.
Desta forma, há um endurecimento da linha militar, mas há um isolamento do presidente ao mesmo tempo. Braga Netto vai nomear generais capachos de Bolsonaro, como Pazuello. Serão generais que cumprem ordens do tenente maluco que foi expulso das Forças Armadas.
Em compensação, Braga Netto e Bolsonaro se indispõem com o restante das Forças Armadas com estas manobras.
Portanto eu diria que Bolsonaro está mais perdido do que cachorro quando cai de cima de caminhão de mudança.
O ministro do Exterior não muda nada, foi uma troca de seis por meia dúzia. O atual é tão conservador quanto Araújo, porém não é olavista.
É um mistério como o Ricardo Salles ainda não caiu. Entretanto, ele deve ser jantado pelo centrão nos próximos tempos.
O que Bolsonaro conseguiu com essa mudança nos ministérios foi provocar um terremoto em Brasília. Porém ele se isolou ainda mais. Depois da carta dos empresários, agora é a vez dos militares.
Algo certo é que hoje Bolsonaro é refém do centrão. Governa cada vez menos, apita cada vez menos. Mesmo assim, troca comandos militares que poderiam o apoiar constitucionalmente e perde a base militar.
É muito importante registrar que ele demitiu de forma vergonhosa o ministro da Defesa, pois este se posicionou dignamente em relação ao papel do Exército. Este tipo de situação mexe muito com os brios dos militares.
Em conclusão, Bolsonaro vai perdendo cada vez mais base e vai morrendo cada vez mais gente no Brasil. As mortes acontecem por culpa da incúria, do deboche, do sarcasmo, da irresponsabilidade com que Bolsonaro trata a pandemia e trata o povo brasileiro.
Não há nenhum projeto, não há empregos, a carestia aumentando, a inflação explodindo, os gêneros alimentícios explodindo de preços, o desemprego aumentando, a violência e a insegurança aumentando também. E o presidente enlouquecido, perdido no abraço do centrão, caminha cada vez mais em direção à corrupção desta ala.
Quem sobreviver verá.